sexta-feira, 31 de julho de 2009

Michael Joseph Jackson

Por não ter o costume (e principalmente tempo) de escrever todo dia, infelizmente passou sem registro neste pequeno espaço virtual o fato da morte de Michael Jackson. E diante disso, cobraram-me um texto sobre o Rei do Pop, meu ídolo e de todos aqueles que gostam de música pop, pois ele é o percussor nesse gênero musical. Sem a hipocrisia de só reconhecer alguém após o seu falecimento, como soe acontecer com todos os que não eram nada em vida e passam a ser depois que partem dessa para uma melhor, MJ não precisou disso.

Ele foi estrela durante a infância, um mito durante toda a sua carreira ainda em vida e Deus lá sabe a expressão de sua figura para a eternidade com a sua morte. Coisa de Elvis Presley, Beatles, pra lá. Michael Jackson superará todos eles em questão de referências e memórias musicais. O tempo dirá.

Uma vida totalmente louca, inusitada. Para se ter uma pequena idéia, seu velório ocorreu após a missa de sétimo dia. Um ninja.

Não tenho muito a escrever sobre o Michael. Basta digitarem aí no google que vocês encontram as mais inusitadas histórias sobre ele. No entanto, como conselho, assistam o clipe “Beat It”, um de seus clássicos.

Relatarei e vocês verão do que Michael Jackson era capaz.

Essa música, dizem, é um desabafo de Michael. À época de sua composição, o astro recebia várias críticas (aliás em toda sua vida ele recebeu críticas, injustas críticas), e, no auge dos ataques que sofria, o aconselhavam a abandonar a vida artística. O hit, então, é um relato de Michael explicando que apanhava de todos os lados e as pessoas o aconselhavam a Beat it (cair fora) dessa vida, o que, para alegria dos fãs, isso nunca aconteceu.

Antes de lerem o que escreverei abaixo, entrem no Youtube e busquem o clipe de “beat it”. É fácil.

O clipe é hilário. Trajando roupas típicas dos anos 80, duas gangues rivais estão em lados opostos da cidade, arquitetando uma briga em algum galpão. A câmera mostra os integrantes das gangues (por volta de 30 cada um), e principalmente o líder. Cada gangue tem o seu líder.

Uma delas é liderada por um rapaz negro, com óculos Ray Ban parecido com os que Tom Cruise usaria pouco tempo mais tarde em “Top Gun” (Cuja música título “Take My Breath away” dominava a sessão de música lenta das festas americanas que havia nos colégios – escreverei sobre essas festas americanas em breve...), trajando uma jaqueta com um símbolo que não consigo identificar (quem souber, me ajude), calça vermelha apertada.

A outra gangue é liderada por um loiro.

As gangues são rivais mas dá pra perceber claramente o seguinte: os caras são maus, truta. Se liga no que eu tô te dizendo. Os caras são maus mesmo. Não tão nem aí pra nada. São maus mesmo. Se tem alguém mau nesse mundo, são esses caras aí que estão no clipe que vocês vão ver ou já viram. Maldade. Tem ninguém bonzinho não.

Os rivais andam pela cidade (todos, já falei, muito maus), em direção ao galpão onde provavelmente (eu falei provavelmente) brigarão feio. Digo provavelmente pois o clipe se desenvolve todo sob esse contexto: São caras maus, vestem-se de forma mal, andam com instrumentos que parecem ser maus e caminham em bandos pela madrugada em direção a algum destino, todos com cara de mau. Então, vão brigar feio, né não? Acho de coração que sim.

Enquanto tudo isso que estou contando acontece, o clipe mostra lances esporádicos de Michael Jackson andando e dançando sozinho pela cidade. Ora está no bar onde uma das gangues estava, ora está num salão onde a gang estava. Ora está na rua. Ora está andando pelo mesmo caminho por onde as gangues passaram. A conclusão que se extrai é que o nosso astro está seguindo a trilha dos dois grupos e indo em direção a onde eles estão.

Quer encontrá-los, por alguma razão que desconheço, pois os caras são muito maus e MJ não parece mau. Ele parece feliz pra caracoles. Em toda situação que ele aparece no clipe, está dando chutinho pro alto (característico dele), rodando (característico dele), botando o bumbum pra requebrar e cantando, em play back, a música do clipe:

Just beat it, beat it, beat it, beat it
No one wants to be defeated
Showin' how funky and strong is your fight
It doesn't matter who's wrong or right
Just beat it, beat itJust beat it, beat itJust beat it, beat itJust beat it, beat it


Quando as gangues se encontram (enquanto Michael rodopia por aí), o momento é de tensão. As duas surgem de lados opostos do galpão onde marcaram o encontro, abrem as portas da garagem e ficam frente a frente para brigarem.

O líder de cada uma das gangues toma à frente e ficam cara a cara. Nenhuma palavra é dita. Os dois, então, têm uma das mãos amarradas com um pano ao outro, ficando com a mão esquerda livre, onde seguram, cada um, uma faca afiada.

Começa-se o ritual. Parece que a briga vai acontecer mesmo. Dão um passinho pra trás, Dão outro. E começam a se estudarem, ensaiando alguns golpes com a faca.

Os dois estão no início da briga, mas, ao alto do vídeo, aparece Michael Jackson numa porta no lado de cima do galpão. Inesperadamente ele já está no meio dos dois brigões e entre as duas gangues. Amigos, eu vou tentar explicar onde está Michael Jackson: O truta do Michael está no meio de duas gangues MUITO, MAS MUITO MÁS e prestes a começarem um quebra-pau daqueles. E mais ainda: MJ está no meio do chefe delas duas, os caras mais maus entre os caras maus que estão ali reunidos.

Para estar ali, numa posição de mais alto risco devidos as circunstâncias, esse cara só pode ser duas coisas: a) É um suicida ou b) É um Rei.

Letra “B”. É um rei. E do Pop.

Michael Jackson com seu poder sobrenatural toca nos ombros dois líderes (que era muito maus), olha nos olhos de cada um deles e resolve a parada. Os caras simplesmente esquecem a briga, esquecem as desavenças, esquecem a maldade que lhes consumia os corações, esquecem que se odeiam, esquecem que são maus, esquecem de tudo de ruim que lhes consumia.

E começam a dançar. Mas não qualquer dança.

Uma dança de Michael Jackson, as quais o mundo todo tentou imitar e não conseguiu e que, agora, ele levou para todo o céu junto com ele dançar.

Afinal, Who´s bad?

Ninguém perto de Michael Jackson.

Aaaaaaauuu!


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Nota:

Estão todos convidados para irem, hoje, ao Budda Pub. Tributo a Michael Jackson, com a banda VnV. Se virem um cidadão com um chapéu branco, um blazer com uma faixa branca no braço e uma luva branca com diamantes, cumprimentem-no. Será este blogueiro.

Budda Pub hoje a partir das 22:30.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O TWITTER É AQUI!!

"Saindo pra Nataaaaaall, fugindo da festa de Santana, abraço a todos!!"

Se eu tivesse Twitter, a febre do momento, essa seria a minha mensagem de 140 caracteres.

Pessoal, mais uma vez agradeço os elogios. Até eu me surpreendi com o tempo que tive para postar textos novos em tão pouco tempo.

E, atendendo a pedidos, dei uma remodelada no layout do blog e o abri para comentários, o que não tinha antes.

Tenho três novos escritos para a semana. Fiquem atentos.

Ahh, sobre o "fugindo da Festa de Santana" aí em cima foi apenas para dizer que, esse ano, não poderei participar de uma das melhores festas do RN. Gosto tanto da Festa da Padroeira Caicoense que escrevi um pouquinho sobre ela ano passado.

Me despeço com o link do texto. Abraços:

http://cadeosgaletinhos.blogspot.com/2008/06/falcias-urbanas-e-o-jovem-do-pendura.html

terça-feira, 28 de julho de 2009

Não confunda "Seu cuca é eu" com "seu cu quer eu"

Conversar com pessoas mais velhas do que nós é sempre um grande aprendizado. Lições de vida, conselhos, sermões e principalmente o conto de histórias nos faz ter uma noção de como o passado era tão distante do presente e se distancia ainda mais do futuro.

Em uma dessas conversas, tive uma percepção de como eram aplicadas as provas de antigamente. Nada de Provas, testes, Enem, Vestibular, Programa seletivo, nada disso. Antigamente (mas bem antigamente), a prova de “cultura popular”, cátedra que existia à época – e na minha opinião, precisa voltar a existir, quando soube sua função – consistia em um exame oral de temas diversos sobre o cotidiano popular. Uma riqueza de cultura.

No caso específico, o jovem (hoje com idade para ser meu avô), iria se submeter a um teste em que lhe questionariam acerca dos ditados populares. O jovem estudou dois deles: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”. Na ocasião, deveria ditar os dois de forma rápida e depois explicar a origem e sua aplicação prática no dia-a-dia. Algo muito fácil e tão inexpressivo nos dias de hoje, mas que servia para que os jovens da época valorizassem cada vez mais a sabedoria do povo, algo tão raro atualmente.

Então, percebe-se que eram duas fases. E eliminatórias. Na primeira, deveria ditar os dois ditados que estudou de forma rápida e sem cometer erros. Na segunda fase (caso aprovado na primeira), teria que explicar cada um deles.

Escolhido os ditados e pesquisado tudo sobre eles, o jovem estava com o histórico de ambos na ponta da língua. O cuidado agora era apenas para não errar quando fosse ditá-los de forma rápida. E assim o jovem passou a semana toda treinando de frente para o espelho: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”, : “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”, “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”.

- Meu filho, vá descansar – dizia a mamãe preocupada vendo o esforço do filho - você já está aí há muito tempo, tenho certeza que vai se dar bem.
- Vou mamãe, mas “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando” - respondia o serelepe garoto.

No dia da prova, havia mais três garotos com ele. Os outros dois haviam escolhidos temas diversos, como Folclore ou sobre a história de algum artista popular. Só ele havia escolhido os ditados. Ele era o último. Os três ficavam numa antesala esperando serem chamados.

Após verem, um a um, os dois saírem da sala com a notícia de suas aprovações, o jovem ouviu seu nome ser chamado, convidando-o a adentrar na sala onde ele seria examinado. Ao entrar, vê três professores sentados de frente para ele. Segue-se o diálogo.

- Bom dia jovem, qual tema você escolheu de cultura popular?
- Bom dia, professores, escolhi “Ditados Populares”.
- Pois não – passou a explicar o professor – queremos que você diga os seus dois ditados de forma rápida para nós. Caso consiga fazer isso, você estará aprovado para a segunda fase, quando deverá nos contar a história de cada um e a sua importância prática no nosso dia a dia.
- Pois não, professor – respondeu o jovem, com uma certo ar de segurança.
- Pode começar.

O que ele não sabia até aquele momento é que o ser humano tem alguns momentos de lapso, de confusão de memória, causado algumas vezes por situações em que se está sob pressão, tal qual aquela situação em que ele estava agora e pela qual nunca havia passado antes.

Sentiu, como nestes momentos, as pernas tremerem e os braços balançarem e as palavras simplesmente fugirem da sua cabeça. Não se lembrava mais de nada. Tentou começar:

- Mais vale... – balbuciou, sob o olhar dos professores.
- Mais vale uma ...- continuou, trêmulo, enquanto os professores já começavam a aparentar nervosismo..

Parou por 10 segundos, fechou os olhos, tentou buscar as palavras no fundo da memória. Viu que havia conseguido alguma coisa, respirou fundo e disparou rapidamente, como era exigido no exame:

- MAIS VALE UMA POMBA DURA NA MÃO DO QUE DUAS MOLES FURANDO UMA PEDRA!!!

Estava tão nervoso que não conseguiu entender sequer o que ele próprio havia dito, razão pela qual não entendeu quando a professora da esquerda mandou ele ir embora daquele lugar, chamando-o de moleque depravado..


quinta-feira, 23 de julho de 2009

De Capital e de Interior.

Tem gente que adora interior. E outros não, pois gostam da capital. Há, em sentido contrário, alguns que não gostam da capital, preferem a vida no interior. E, também, há os que não conhecem o interior no seu dia-a-dia, estão fartos de viver na capital e querem se mudar para o interior. É o caso do jovem de hoje.

Aprovado em concurso para delegado da polícia civil da Paraíba, o rapaz conseguiu, enfim, se mudar da rotina atrabalhoada (neologismo) da capital potiguar para ir morar no sertão paraibano. “Além de realizar meu sonho de ser delegado, poderei agora viver a experiência de morar no interior, respirando o puro ar interiorano e ver os pássaros gorjearem ao alvorecer”, explicou-me, em tom poético, o nobre amigo.

Mas poética mesma era a visão do amigo da vida interiorana. Acostumado apenas a ir a festas esporádicas, passando apenas 01 ou 02 dias numa cidade pequena, onde se acostumou a deitar e rolar, o jovem há muito havia se decidido: “quero morar no interior”.

A vida no interior é, de fato, muito boa. Acreditem, sei do que estou falando.

Mas para quem viveu uma vida inteira na capital, a adaptação não é tão fácil. Praças de alimentação de Shopping Centers viram traillers ou barracos. Carros nas ruas, dos quais ele estava de saco cheio, perdem duas rodas e viram motos que parecem se proliferar aos milhares. O Hospital, que era bem próximo à sua casa para qualquer urgência, parece que se locomoveu para centenas de quilômetros onde estava. Atropelar gatinhos em avenidas movimentadas vira brincadeira de menino quando se dá de frente com um boi na pequena rua em que você está.

Que não soe como nenhuma crítica o que estou dizendo aqui. Quero afirmar, apenas, que as coisas são bastante diferentes quando se vive uma vida inteira na capital e se muda tão de repente para o interior. E da mesma forma, frise-se, o interiorano não se acostuma fácil com a vida numa grande capital.

É mais ou menos por aí.
Aliás, sou fã do povo do interior, de onde se tira as suas grandes riquezas. Povo altamente hospitaleiro, acolhedor, amigável, carinhoso, solícito e sempre de bom humor. Aliás, nem sempre. Há um mito que diz ser o povo interiorano de temperamento forte, grosso, e demais adjetivos. Não é totalmente correta essa informação. O que acontece é que os interioranos, principalmente os mais vividos, são muito inteligentes e têm larga bagagem de vida. Na verdade, eles não são grossos, apenas não têm paciência com perguntas inúteis.

Essa pequena passagem que falei aqui, foi apenas para tentar mostrar um pouco como são as coisas. Mostrar para você que talvez não saiba e também dar uma ideia do que são as coisas que o jovem, nosso personagem de hoje, nunca soube antes de ir para o interior.

Não sabia, principalmente, sobre essa personalidade temperamental de alguns interioranos.

E foi aí que o bixo pegou. O jovem, bastante conhecido pela sua educação com todo mundo, passou por poucas e boas por não saber esse detalhe.
A começar pela viagem, né?
Imagine o jovem indo, sozinho, para uma cidade desconhecida, cujo caminho mal sabe direito, indo se apresentar como a maior autoridade policial? Com certeza vai se perder na estrada ou então terá que pedir muitas informações para poder chegar na cidade.

Dito e feito.

Após mais de 09 horas de viagem (em situações normais, viajando de carro, duraria pouco mais de 04 horas) o jovem viu uma placa indicando que faltavam poucos quilômetros para o destino.

Ainda meio desconfiado, resolveu perguntar a um senhor, que fumava um cachimbo
sentado numa cadeira de balanço, usando um chapéu preto de couro, numa calçada qualquer de uma cidadezinha pequena dessas que ao lado tem a igreja, do outro a praça, mais à frente a prefeitura e se acaba a cidade:

- Meu senhor, por favor, poderia me dar uma informação? – perguntou o jovem ao encostar o carro na calçada e descer o vidro do passageiro do carro.
- Heeeeinnn??? – perguntou o velho senhor, se levantando da cadeira vagarosamente da cadeira e mais lento ainda caminhando em direção ao carro.
- Gostaria de uma informação... – repetiu
- Diga
- Meu senhor, essa estrada aqui vai para a cidade tal? – perguntou o jovem apontando para a estrada.
- Essa aqui? – perguntou o velho
- Sim...
- Meu filho, sinceramente, eu não sei. Mas vou dizer uma coisa a você que é jovem e não deve conhecer a região – continuou o senhor, olhando para o rapaz - Faz 78 anos que eu moro aqui e se essa estrada for pra onde você tá dizendo, ela vai fazer uma falta danada, por que só tem ela aqui na região!
Tome a primeira!
Entendendo o tom irônico da resposta, o jovem sabia que aquela estrada o levaria para seu destino e seguiu viagem.

Ao chegar lá e passar, na entrada da cidade, por alguma estátua de algum bicho que caracteriza a cidade, algum santo padroeiro da cidade ou de algum influente político que lá morou (tem muito isso, né não? Prestem atenção direitinho...), o jovem, enfim, chega ao seu destino.
Morto de fome da cansativa viagem que fez, o jovem procura logo algum restaurante (a cidade é mediana, tem restaurantes pequenos) para matar a fome e encontra o “Restaurante do Claudiomiro – Frango e carne assada à vontade” logo na entrada.

Educado como ele só, buscou se informar como trabalhava o restaurante e perguntou ao dono, um senhor barrigudo de camisa regata, com um pano no ombro direito e um pedaço de palha no canto da boca:

- Amigo, como é que funciona aqui? Pode colocar comida à vontade no prato e vocês servem a carne?
[ Leitores, muito cuidado com o que vocês querem saber por aí. Uma pergunta dessa é apenas a deixa para uma resposta típica de quem não tem paciência. E já falei no começo que nem todo mundo tem paciência no interior com perguntas inúteis]
Eis que o dono do restaurante olha pro rapaz, pensa um pouco e responde de bate pronto:
- Não, senhor. Aqui agente coloca a comida dentro daquele chapéu ali que aquele rapaz ta usando (era o gordinho da nelore, tomando uma lá fora, num carro rebaixado, com um amigo) e a carne vem junta, o prato é só de enfeite, mas se você quiser, pode jogar por aí quando sair daqui.
Tome a segunda!
Depois de almoçar caladinho, o jovem saiu de lá com uma difícil missão de encontrar a delegacia onde ia trabalhar já no outro dia. Difícil, isso mesmo. Por que em cidades como a que o rapaz iria trabalhar, delegacia é artigo de luxo. E, quando existe, fica dentro de algum prédio da prefeitura ou em alguma sala de aula de escola quando não está havendo aula.

No caminho, parou para ver uma loja que vendia roupa, pois tinha trazido pouca. Encontrou uma loja, ficou olhando na vitrine e viu as roupas lá dentro. Eis que o vendedor veio até à frente da loja para falar com ele e perguntou:

- Vende o que aí? – perguntou o jovem
O vendedor olhou para o rapaz com cara de quem desconfiava que aquele jovem estava tirando com ele, apesar de não saber que ele estava perguntando sério. Respondeu de bate pronto.
- Amigo, dá pra ver que tem calças, camisas, bermudas, artigos masculinos em geral. Mas lhe confesso que nossa especialidade é vender melancia, ratoeiras, patinetes e pogobols. Tem preferência por bambolês? Temos de todas as cores.
Tome a terceira!
Já no clima e tendo idéia de como são as coisas, chega o jovem à delegacia, seu local de trabalho. Bate à porta e abre o Capitão Sylmar, que estava apenas esperando o novo delegado chegar para por ir para outra cidade, para onde havia sido promovido.

- Diga!!! – disse o capitão com por volta de seus quarenta anos, farda da polícia militar, 38 na cintura e um bigodão que impunha respeito. À sua frente estava o jovem, franzino, com uma calça toda estampada tipo aquelas dos cantores de calcinha preta, vestindo uma camisa preta justa na manga com os dizeres “WOLFGANG: THE PROJECT” (Hehehehe, gostaram hein?) .

- Opa, boa tarde. Aqui é da delegacia?
- Não, boy – respondeu o capitão – é o cinema da cidade. Entre aí pragente assistir Titanic. (tome)
- Ei – já começando a ficar brabinho com tanta reiada que levou – fale direito comigo que eu sou o novo delgado aqui.
- Opa, doutor! Me desculpe! È fulano né?
- Isso
- Me desculpe, é por que vez por outra aparece um aqui querendo fazer graça, mas entre aí.

E o jovem entra no seu novo local de trabalho, que não á lá dos melhores, e seguindo as instruções do capitão, conhece onde estão os papéis, os telefones da secretaria, as armas, a viatura, tudo. Mostra, também, as celas onde estão os presos. Além de alguns conselhos que ele dá ao novo colega.

- Doutor, aqui tem que botar moral mesmo, senão tentam passar por cima de você. Tem que mostrar quem manda mesmo. Me desculpe estar dizendo isso para o senhor é que...

O capitão é interrompido por um toque do telefone.

- Alô? – atende o capitão
- Da onde fala? – pergunta uma voz dum homem do outro lado da linha.
- Da delegacia – responde
- Delegado – continua o homem – eu acho que tem um ladrão aqui! Eu acho que tem um ladrão!
- Um ladrão?
- Isso, delegado, um ladrão!
- Pois meu amigo, saiba de uma coisa, aqui onde eu to tem mais de 10 ladrões e eu num ando ligando pra ninguém perturbando.

PÁ!! Desliga o telefone e olha pro jovem, que tenta parecer firme mas está um tanto quanto assustado com a situação.
- Sim, como eu ia dizendo...

E pegue o capitão dar conselho ao jovem de como é a vida na cidade, como é o trabalho, tudo. Conversam por uma hora, até que o capitão diz que é hora de ir embora e se despede do jovem delegado, a quem deseja boa sorte.

Já eram 8 horas da noite e o jovem sequer tinha uma pousada para dormir. Mas resolveu, antes de ir para a pousada, ir para algum forró cujo cartaz viu na estrada. Era quinta feira e o forró, ao que leu, parecia ser bom.

- É pra lá que eu vou! – disse pra si mesmo.

Parou um carro para peguntar onde era o “Forró da Fuleragem”, nome do forró.

- Cidadão – abordou um homem na rua, para perguntar, baixando o vidro do carro – você sabe como eu chego no “Forró da Fuleragem”?
- Muito fácil – disse o homem – ta vendo a igreja coração de Jesus ali na frente? Pronto, vá reto, dobre na Rua São Judas, três ruas depois entre na São Batista, passe o convento Padre Nunes, dobre a direita na Rua São Cosme...
Eis que o jovem interrompe:
- Ei meu amigo, diga logo onde é isso aí que eu quero ir pruma fuleragem, num é pro céu não.
- Não, é ali mesmo. Faça isso aí que eu disse.
E lá foi o jovem.
Chegou lá na festa, fez o que pessoal?
Não, carteirada não. Ele ainda sequer tinha a carteira. To perguntando dentro da festa...
Isso mesmo! Chamou o garçom:
- Bote uma mesa próximo ao palco, com um litro de whisky e gelo em cima dela.
E por ali ficou, sozinho, na moral, e curtindo a festa sozinho.

Inquietante, para ele, era apenas uma jovem bonita que não parava de lhe olhar. Ele olhava para o palco e quando desviava o olhar, ela estava olhando pra ele, ora apenas olhando, ora olhando e comentando algo com amigas.
Depois de algumas doses de whisky e algumas olhadas fixas, a garota resolveu chegar no jovem e foi logo perguntando:

- Ei, você é o delegado novo daqui né? Passei hoje perto da delegacia e vi você por ali.
- Que horas são? – perguntou o jovem à garota
- Hã?? – não entendeu a garota - por que você quer saber? Responda minha pergunta..
- Diga que horas são, moça! – repetiu
- Ta bom, são 1 e meia da manhã.
- Pois é, até as 6 da noite eu era isso aí que você ta dizendo e meu nome é Dr. Tiago. Passou dessa hora, como agora, eu sou o TIAGÃO DAS QUEBRADAS. Cadê a turma?


Tiago é só nome fictício, viu?? hehehehe



terça-feira, 21 de julho de 2009

Agradecimento e esclarecimentos.

Amigos, muito obrigado pelos elogios quanto aos últimos posts. Fico feliz em saber que gostaram.


Para quem não conhecia o blog, fi-lo (fi-lo é ótimo) com a intenção apenas de divulgar algumas aventuras de amigos que me contam por aí. As histórias (estórias, não) contadas são verdadeiras na essência, ilustradas apenas por um toque a mais de humor que dou ao caso.




Por mais que me perguntem ou que pareça, insisto em dizer e repetir que não sou protagonista de nenhuma passagem relatada.




Os casos são frutos apenas da mais rica e produtiva atividade de engrandecimento humano que é a conversa de mesa de bar. O resto é só observar o que acontece à sua volta para ver que é verdade tudo o que relato aqui.




Não dou nome aos personagens pois são fatos reais. Mas nomino os que colaboram comigo me ajudando, como foi o caso da minha miguxa Jêzoca, que me descreveu com riqueza de detalhes os trajes das amigas do gordinho e do escroto, descritas no último texto. Valeu, Jê!




Aliás, quem quiser me dar alguma sugestão de texto, pode mandar pro meu e-mail ou msn que publico. Podem pedir aos amigos aí que eles têm.




No mais, valeu e voltarei a escrever em breve pra vocês. Forte abraço.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

O escroto, o gordinho e amigas na festa de apartação currais novense.

Quem não recebeu, me peça que eu envio. Mas não deixem de ler, pois está imperdível o “forró do escroto”, título do e-mail que circula contando, quase que à exatidão, o que faz por aí um dos personagens mais conhecidos do nosso cotidiano, em especial do cotidiano natalense: O Escroto.

Faltou dizer, no texto, quem é um dos grandes amigos do Escroto, que é exatamente o cidadão do post aqui abaixo, o já famosíssimo “Gordinho da Nelore”.

Vocês acham que eles iriam perder a XXXVIXIII (Escroto que é escroto coloca todos os números em algarismos romanos) Grande Vaquejada de Currais Novos, que se passou esse fim de semana? Lógico que não.

E vocês acham, também, que eles vão deixar de colocar tudo o que aconteceu no Orkut, para todo mundo ver? Claro que não, né? Aliás, já colocaram. E eu tive a graça de poder ver o álbum por inteiro, o qual tentarei relatar pra vocês, descrevendo a foto e a respectiva legenda.

Uma festa grande como a vaquejada de Currais Novos requer planejamento. E disso o escroto se encarrega a semana toda.

O primeiro passo é a formação da equipe que vai. Ele, o gordinho (pra dar a graça) e mais três amigas para dar o toque feminino. Todas, obviamente, bonitas e de cabelos lisos. É desnecessário dizer que são patricinhas.

Após definidos os integrantes e reservada a pousada (a mais próxima da resenha de tarde, óbvio), começa todo o processo de divulgação pelo Orkut e MSN. Não da festa, óbvio. Mas divulgação do fato de que eles vão. Por que o importante não é ter uma festa, sabe? O importante é que o escroto, os amigos do escroto e as amigas do escroto saibam que haverá uma resenha e que ele estará nessa resenha.

Dessa forma, o escroto já coloca no subtítulo do seu nick no MSN: “Currais vai ser diferenteeeee” (tem que ter vários “e”). As meninas, um pouco mais discretas, não colocam nada no MSN, mas no Orkut os scraps são trocados para que haja uma maior divulgação: “Essa vaquejada que nos aguarde, amigaaaa!!”, diz Carol para Patrícia. “Amigaaaa, Currais nunca mais vai ser a mesma depois desse fim de semana” responde Patrícia para Carol. “Amigaaaaaaaaassss, preparadas????????” escreverá Mariana, a terceira amiga, para Carol e para Patrícia. Amiga mesmo!

O Gordinho não escreve no Orkut, pois o seu orkut é apenas uma foto dele em alguma vaquejada, com o boné, e mais nada, nem foto nem nada. E no MSN entra muito pouco.

Tomados os devidos cuidados de divulgar o fato de que eles vão, é hora de seguir a viagem, no carro do escroto. Sexta, depois do almoço, é hora de partir. O escroto vai dirigindo, com o gordinho no passageiro e as meninas atrás.

É chegado o momento da primeira foto.

Na estrada, ainda na saída de Natal, Carol, que está no banco de trás no meio, ergue a câmera para o alto, e a direciona para si, juntando as duas amigas ao seu lado e “Flash”.
FOTO DO ORKUT: Vê-se 03 garotas com cabelos lisíssimos, óculos redondos cujas lentes cobrem metade do rosto, bem parecido com os de Black Kamen Rider (Quem assistia?), cheias de pó e as bochechas rosadas daqueles negócios que as patricinhas colocam para deixarem as bochechas rosadas.
LEGENDA DO ORKUT DE CAROL: “Começando a resenha”

Sob o som do Show de Forró do Muído ou Aviões do Forró gravado no sábado anterior (pois escrotos e patricinhas que são escrotos e patricinhas que se prezem só escutam os últimos lançamentos de forró do momento), a viagem prossegue até a primeira parada na cidade de Tangará, onde vão comer um pastelzinho e encontrar outros escrotos, gordinhos e patricinhas que estão lá fazendo a mesma coisa.

Depois de falarem com os amigos, perguntarem onde vão ficar e marcarem de se encontrar, o grupo vai embora, com a certeza de que agora mais pessoas sabem que eles vão para currais. Empolgada com o som do último show de forró do momento, Mariana vê uma placa que diz “Currais Novos 90 KM” e dá um grito: “Para, pára, Pára!! Resenha, resenha!! Vamo bater uma foto na placa”. O escroto obedece e descem todos do carro e, com ajuda de um popular, batem a foto. “Flash”
FOTO DO ORKUT: Vê-se uma placa de trânsito verde, retangular, a 1,70 m do chão, onde há os escritos “Currais Novos 90 KM”. Atrás da placa, pode-se enxergar os rostos do escroto com um boné com um desenho de um vaqueiro derrubando um boi e o do gordinho com seu boné da nelore, ambos segurando um copo descartável com bebida dentro. Na frente da placa, semi-agachadas, estão Carol, Patrícia e Mariana, apontado para a placa, segurando seus copos que são das mais variadas cores: Vermelho, Rosa e Lilás.
LEGENDA DO ORKUT DE MARIANA: “Quase chegandooooooo”

E a viagem prossegue cada vez mais animada com a proximidade da chegada em Currais Novos, com várias fotos do tipo que aqui mencionei, até a chegada ao destino. Lá, vão direto para a pousada para trocarem de roupa, mas não sem antes, obviamente, darem uma passada no meio do “Tungstênio Hotel”, onde os jovens costumam se reunir nas resenhas vespertinas da vaquejada de Currais Novos.

No trecho, o escroto, que tinha passado a viagem toda de vidro fechado no ar condicionado, desce o vidro do seu carro, coloca um chiclete na boca e passa vagarosamente pelo local, comentando com o gordinho: “Lá estão fulano, beltrano e sicrano. Num sei quem ta ali, o amigo dele também. Eita que desmantelo, até Herbert veio”. Enquanto isso, Carol, Mariana e Patricia se acotovelam no banco de trás para prestarem bem atenção em quem está lá, até que uma dá um grito: “Não acredito nããoooooo!! Guilherme ta ali!! Ihuuuu. Vai ser resenhaaaaa” E a felicidade é geral entre as garotas, pois o paquerinha está lá na resenha.

Depois de irem para a pousada (que, como falei, deve ser bem próxima ao Tungstênio) e voltarem para a resenha vespertina onde ficam a tarde toda, é hora de voltar para a pousada novamente para se arrumarem para ir pra festa, na “Du Rei” Casa Show.

Carol, Mariana e Patrícia, que demoram mais, tomam banho primeiro e se produzem por exatas duas horas, tempo em que o escroto e o gordinho ficam na varanda tomando teachers e falando de forró, vaquejada ou futebol (do Flamengo ou Seleção Brasileira, a única coisa que sabem), para depois se arrumarem.

Estão todos prontos.
Aos trajes:
Carol, Mariana e Patrícia estão iguais: Shortinho, blusa folgada caída no ombro, colar grande, muita maquiagem, pulseiras e salto alto. Só muda o perfume.

O Gordinho: Camisa de botão aberta no terceiro botão de cima para baixo (para mostrar o colar de outro com o crucifixo), calça, bota e o seu famoso e inigualável Boné da Nelore e o litro de montila debaixo da axila esquerda.

O escroto: Calça, bota e uma camisa preta justa no braço com dizeres quaisquer em inglês tipo: “WOLFGANG: THE PROJECT” ( A palavra “Wolfgang” tem o formato de um arco e dentro dela está o “The Project”. É bem provável também que tenha uma data “1965” “1982”, “1976”, qualquer coisa.) ou “BLEIZARD GUETTIN” (ambas as palavras não dizem ou significam porra nenhuma, mas é legal pois parece que é em inglês). No entanto, se ele optar por uma camisa pólo, escolherá a vermelha que tem um Cavalo enorme com um taco de jogar pólo no peito esquerdo e um número qualquer também na manga esquerda (“3”, “6”, “2”, qualquer coisa.).

Todos devidamente vestidos, é hora de ir cedinho para a festa para pegar uma mesa.

Ao chegar lá, o escroto logo se encarrega disso conversando com o garçom e pedindo que ele coloque a mesa exatamente do lado esquerdo, mas bem próximo ao palco. E, com a mesa, um litro de whisky para ele, montilla para o gordinho e sminorff para as garotas. Aliás, Carol, Mariana e Patrícia (o trio resenha) estavam caladas e conversando discretamente até chegar o litro de vodka, ocasião em que pegam os seus copos multicoloridos, enchem de gelo, vodka e sprite e, com o copo cheio, aí sim começam a dançar.

Mas se engana quem pensa que garotas como Carol, Mariana e Patrícia dançam normalmente. A parada delas é dançarem olhando para dois locais apenas: a) Ou dançam de um lado para o outro, sozinhas, olhando para o palco e segurando o copo com uma mão e erguendo o braço com o dedo indicador em riste, cantando a musica que estiver tocando; ou b) dançam olhando para a amiga, que está dançando e fazendo a mesma dancinha que ela de um lado para o outro e também olhando para ela, cantando juntas a musica que está tocando.

São garotas como elas cujos cabelos são alvos fáceis das passadas de mão do gordinho da nelore, aliás.

Mas, enfim, esse é apenas o comecinho da festa, tocando uma banda de forró qualquer que não seja a atração principal.

Até aquele momento, o escroto está quietinho na mesa conversando com outros escrotos como ele, degustando um whisky e observando quem será o alvo quando Forró do Muído, a atração principal, começar. O gordinho está calmo ainda, mas já começa a ensaiar alguns passinhos, indicando que ficará do jeito que a galera gosta, como mencionado no post abaixo.

Enquanto Forró do Muído não começa, dá pra bater ainda algumas fotos.

Na primeira, está o escroto com a roupa que eu falei e alguns escrotos como ele ao lado, com as roupas bem parecidas, um dos quais está fazendo um “V” com os dedos, com a mão de lado. Não há legenda para a foto, o escroto não colocou.

Já a próxima foto é clássica. As meninas pedem e o escroto bate. “Flash”
FOTO DO ORKUT: Carol, Mariana e Patrícia estão dançando, apenas elas três, todas com a blusa caída pelo ombro, um brinco de argola e o cabelo (liso, claro) um pouco escondendo o rosto. Estão meio que agachadas, com os joelhos dobrados. Dá para ver os copos erguidos para cima, na mesma mão em que está colocada uma pulseira VERDE LIMÃO, provavelmente do camarote onde elas irão dar uma passada mais tarde. Se prestarem bem atenção na foto, verão também alguns jovens ao fundo olhando para a dancinha delas.
LEGENDA DO ORKUT DE PATRÍCIA: “Chão, Chão, Chão, Chão...”

Uma foto dessas é clássica para orkut de patricinha. Então, as outras amigas, que não foram à vaquejada, comentam logo abaixo da foto: “Amigaaaaaaaaaaaaasssss, que resenhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, perdi essaa!!! Bjo!”, outra escreve “Só deu vocês hein, amigaaaass??”, e a terceira digita “kkkkkkk, adorrooooooooooooooooooo, olha a cara de patrícia...kkkkkkk, só podia ser vocês mesmo!!”.

É chegado o grande momento de começar a tocar Forró do Muído. Enquanto o locutor anuncia, o Escroto começa a ficar mais ouriçado, pois sabe que é no começo do show que as gatinhas estão mais apaixonadas e mais fáceis para o abate. Deve-se apenas esperar a abertura do show de forró do muído, quando a banda toca a primeira parte do maior sucesso deles do momento em acústico, para, assim que começar o forrozão mesmo, ele fazer a abordagem.

Esse momento é crucial. Se ele levar fora naquela primeira abordagem, todas as outras patricinhas por perto verão a cena e ele não poderá mais dar em cima de ninguém por ali. Perderá a noite naquele local.

É preciso cautela e definir bem quem será a vítima.

Começa Forró do Muído a tocar a música sucesso, no caso, a música "Cuidado", em forma lenta:
“Sei que não foi coincidência encontrar-me contigo
Talvez tudo isso é o destino
Eu quero dormir de novo em teu peito
E depois acordar com teus beijos”

Enquanto isso ele está com um copo na mão sem conversar com ninguém, apenas observando as garotas que estão todas de dedinho em riste olhando para o palco. E forró do muído continua:
“Teu sexto sentido, sonha comigo. Sei que pronto estaremos unidos
Esse sorriso travesso que vive comigo
Sei que logo estarei em teu caminho
Saiba que estou colada em tuas mãos
Peço que não me deixe cair
Saiba que estou colada em tuas mãos...”

E o escroto concentradíssimo. Mais um pouco e acabará a abertura e começará o forró mesmo. E continua a banda:

“Te envio poemas que escrevi com minha letra
Te envio mensagens às 4:40
Te envio as fotos jantando em Veneza
E quando estivermos por Fortaleza
E assim me recordo que tenho um presente
O meu coração está colado em tuas mãos
Cuidado, cuidado
O meu coração esta colado em tuas mãos.
Cuidado, Cuidado
O meu coração esta colado em tuas mãos...”

O conjunto (meu avô chamava "banda" de "conjunto") encerra a parte lenta da abertura e o escroto sabe que chegou o grande momento.

Tem-se um silêncio, até que a cantora dá o grito característico da banda: “Vamo coleguinhaaaaaaaa”, e começa a tocar o seu sucesso de forma rápida, em ritmo de forró, oportunidade em que o escroto desce o copo, dá umas batidas com a bota no chão e sai dançando forró em direção à gatinha que escolheu, estende a mão com a intenção de puxá-la para entrar no ritmo em que ele está dançando sozinho.

Não conta de jeito nenhum com o fora.

Vai se aproximando dela, mas, ao se aproximar da garota e tocar em sua mão, ela dá um giro ao ritmo da música, ele passa lotado, e ela continua olhando para o palco com o dedo em riste e cantando a música junto com a banda, como se nem tivesse visto ele.

O escroto, para não passar vergonha, continua indo em linha reta como se nada tivesse acontecido e também dançando sozinho. Só voltará ali depois do fim do show de forró do muído, disfarçando pra turma que foi apenas no banheiro e depois deu uma volta para ver a galera.

E assim termina a festa do escroto, que depois de algum tempo volta para o carro, onde o gordinho já está dormindo no banco do passageiro bêbado e, enquanto ele vê as meninas já saindo do show com a maquiagem toda borrada, aproveita para bater uma foto dentro do carro junto com o amigo. “Flash”.
FOTO DO ORKUT: Vê-se um jovem meio que descabelado com uma camisa preta escrito “Wolfgang The Project” sentado no banco do motorista do carro e um gordinho ao seu lado, no banco do passageiro, de boca aberta com a camisa também aberta e um boné bege da Nelore. O gordinho, aparentemente, está bêbado, pois há também um litro de montilla seco sobre o seu peito.
LEGENDA DO ORKUT DO ESCROTO: “Fraco”

E no outro dia voltam para a casa com a certeza de que são resenheiros mesmo.