sexta-feira, 11 de julho de 2008

Qual é o seu?

Apelido é coisa séria. Há apelidos que pegam, apelidos que não pegam. Apelidos maldosos e carinhosos. Há alcunhas de todo o tipo e para todos os gostos. E desgostos. Afinal, nem todo mundo gosta de ser apelidado, sobretudo quando a lembrança é depreciativa à sua conduta social. Tenho um amigo, por exemplo, que tem o apelido de Michael Phelps. Pra quem não sabe, Phelps é um gigante da natação mundial, o maior de todos os tempos. Nadar é com ele mesmo. A razão do apelido, na verdade, deveu-se (aliás devia-se, pois hoje o rapaz é comprometido) em razão da, digamos, falta de sorte deste jovem com as garotas. Então, quando o amigo ia às festas via todos os companheiros namorando e ele NADA. Nadou, é Michael Phelps. Pegou. O apelido, claro. Ele, não.
Mas a questão é a seguinte: se te apelidarem e você não gostar, camarada, disfarce. Minta que gostou, ou até mesmo ignore. Se demonstrar antipatia e se sentir incomodado, você terá dado a senha para que a turma se divirta. E seu apelido vai pegar, pode ter certeza.
Aconteceu com o jovem, que é o personagem do caso de hoje.
Apelidaram-no de “Caipirinha”. Não sei a razão, confesso. Mas de uma hora para outra, ele não podia passar na rua que um dizia: “Bora Caipirinha!!”. E o apelido pegou por que o amigo, que tem fama de pavio curto, começou a não gostar da alcunha que lhe deram. E como ele ficava ´futricas’ cada vez mais que chamavam o apelido, a coisa pegou de verdade. Seu nome passou a ser “Capirinha”. A contra-gosto.
Mas ele queria acabar com aquilo. Mas, o que fazer? Não podia matar as pessoas, nem tampouco convencê-las a não mais chamarem do famigerado “Caipirinha”. Optou pelas vias legais. Estava decidido a encerrar com o apelido que tanto o incomodava. Foi ao Juizado Especial com uma ação. O juiz deferiu a medida liminar. A partir de então, quem o chamasse de “Capirinha” pagaria a salgada multa de R$ 1.000,00 estabelecida pela decisão judicial. O jovem saiu do juizado especial bastante feliz e a notícia se espalhou. Agora ele estava com moral, pois ninguém mais o chamaria de “Caipirinha”.

Mas o mundo está cheio de espertos.

A notícia se espalhou muito rápido. O “Sindicato dos fãs do apelido de Capirinha”, no entanto, estavam decididos a não deixar morrer o mais simpático de todos os apelidos já existentes. “Capirinha não morrerá, encontraremos uma solução” garantiu o presidente do Sindicato, por sinal um dos melhores amigos de “Capirinha”. E a solução, enfim, foi encontrada um dia após a notícia se espalhar.

Com a liminar em mãos, “Caipirinha” resolveu passar na mesma rua onde se encontravam todos os amigos que o chamavam diariamente do odioso apelido. “Quero ver quem vai me chamar agora daquele apelido” disse ele a si mesmo. “Quem chamar, se tora” repetiu.

E lá vem “Caipirinha” na rua. Passa em frente ao grupo de 4 amigos, cumprimenta-os com um sorriso meio que triunfal de quem havia ganho uma batalha e foi saindo. Quando deu o primeiro passo se distanciando do grupo, “Caipirinha” escutou:

- ÁGUA – Gritou um
- AÇÚCAR – Gritou outro
- LIMÃO – Gritou o terceiro
- AGUARDENTE – Disse o último

E, nessa ordem, os jovens não paravam de falar. AGUA, AÇUCAR, LIMÃO e AGUARDENTE. AGUA, AÇUCAR, LIMÃO e AGUARDENTE. AGUA, AÇUCAR, LIMÃO e AGUARDENTE Foi aí que o jovem viu que, realmente, a coisa era muito mais difícil do que imaginava e, desolado, falou baixinho:

- Misture isso, pra vocês verem o que é bom, fila da puta, Misture pra vocês verem!!!!

Apelido é coisa séria, meus amigos.

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