quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Escroto em Natal - O início de tudo.

Não se vira escroto de uma hora pra outra. É preciso obedecer a todo um procedimento. Um longo procedimento. Ser escroto depende de uma concatenação de atos que devem ser rigorosamente seguido. Se você, homem de Natal, tiver entre 24-30 anos, leia este texto e veja se você fez tudo isso até os seus 15-16 anos. E tenha certeza de que você, hoje, se não tivesse seguido outro rumo, seria o cara mais escroto, entre os escrotos que circulam no meio dos escrotos de todos os escrotos que se acham tão escrotos quanto você seria escroto. De todos os escrotos que estão por aí, você superaria todos eles.


Quando se pula da 4ª para a 5ª serie, há uma mudança radical na escola. A começar pelo próprio nome: não é mais escola, é colégio. Tia vira Professora. Geografia, História, Desenho e Educação Física surgem do nada (não era só português, matemática, estudos sociais e ciências a vida toda não?). Enfim, você entrará no Ginásio. Quando me disseram isso, boboca que sou eu, juro que achei que íamos assistir as aulas dentro da quadra.


É preciso estar preparado para as mudanças e o pequeno escroto sempre estava preparado para elas.


Livros na mão. É a primeira regra. Esqueça a sua mochila da company (que na 4ª serie o pequeno escroto só carregava com uma alça, enquanto os outros andavam segurando em duas alças). Leve os livros na mão. Um caderno só e um livro se alguma professora – gostosa, por favor – pedir. Nada de estojo. Canetona bic azul no bolso. Nada daquelas canetas com 5 cores. Aquilo não é coisa de jovem que um dia quer ser escroto.


Uma vez na 5ª série, procure insistentemente conhecer alguma garota da 6ª série. Se você arrochar (antes era ficar, hoje é pegar, mas, na época, o pequeno escroto nem pegava nem ficava. Ele arrochava) alguma gatinha da 6ª série, toque aqui por que você está indo muito bem. Mas só conhecer já está bom demais, vai te dar moral.


Eu sei, é difícil. A vida colegial tem essas regras. As garotas da 5ª querem os garotos da 6ª, 7ª ou da 8ª. Quanto maior a série, maior a moral da garota. Se não der, fica (garotos arrocham, garotas ficam) com algum da 5ª serie mesmo. Os meninos, por sua vez, têm regra interessante. Na 5ª, arroxam as garotas da 5ª, embora tentem da 6ª (mas só quem pegará é o escroto). Quando estão na 6ª, arroxam as da 6ª e da 5ª. Quando estão na 7ª, arroxam as da 7ª, da 6ª e da 5ª. As da 8ª é quase impossível, pois elas só querem os caras do pré ou do 2º ano ano (E os caras do pré só querem as do 2º ano até a 8ª). É mais ou menos assim que as coisas aconteciam.


A 5ª série, na verdade, é apenas um grande aprendizado para o nosso pequeno escroto. Ele observa o comportamento dos escrotos que estão em graus mais elevados e vê o que deve fazer para se destacar quando chegar o seu momento de assumir o posto de mais escroto da turma. E esse momento chegará na 6ª série, quando ele estiver com 13 anos.


Ao chegar nesta série, o escroto começará a se destacar. Já no primeiro dia de aula aparece com um reebok classic branco, calça da zoomp ou overend e uma carteira nova da sueldo’s, com destaques em dourado, uma corrente de ouro com um crucifixo e uma pulseira dourada (observou direitinho, hein garoto?). Seu caderno já se destaca dos demais por possuir, na capa, um boi caindo e dois vaqueiros derrubando-o, com os dizeres em destaque: “Meu esporte é vaquejada”. Vai longe esse garoto.


E vai mesmo. Para assumir de vez a liderança da escrotagem, o pequeno escroto, conversando com amigos com um pé apenas na parede, encostado, irá assumir o teor da conversa do intervalo com os seus amigos que já tentam também ser tão escroto quanto ele. E se alguém falar alguma besteira, qualquer que seja ela, o escroto diz apenas uma palavra que lhe coloca evidentementente no topo da escrotagem: “SALGA”. E todos os amigos abrem a mão em forma de tapa, sacudindo a cabeça do pombão (pombão é o oposto do escroto). O salga é uma forma de reverência dos pequenos escrotos a quem não for tão escroto quanto eles.


Mas é preciso retomar o teor da conversa: Em pauta, conversas sobre a festa americana que as meninas da sala estão organizando no próximo sábado. Conversam sobre como levar alguma bebida alcoólica para a festa, apesar de ficar acertado que os meninos levariam refrigerante e as meninas, salgadinhos. Por que ser escroto é ser diferente dos demais.


O escroto, de alguma forma, consegue levar o álcool para a festa, que aconteceu na casa de Carol. Carol Mendes, não Carol Lopes. Por que em toda turma de colégio tem mais de uma Carol e é preciso diferenciá-las pelo sobrenome. Lá, cadeiras de um lado, onde ficam as meninas, e do outro lado, mais cadeiras, onde ficam os meninos. Ao centro, uma mesa com os salgadinhos das meninas e encostado em uma das paredes, o Som de última geração (que tocava até CD), onde está tocando as músicas.

E é nesse ponto que o pequeno escroto também começa a mostrar seu talento. Estava tocando Bamdamel, depois tocou Netinho e Banda Beijo, depois algumas garotas pediram New kids On the Block, mas outros rapazes queriam ouvir Chiclete com banana. Diante do impasse, o pequenino escroto toma as rédeas da situação e decreta: “Vai tocar Mel com terra!”. Era o único que queria ouvir forró e sabia dançar também, algo raro para aquela idade entre os garotos da sua turma.

Infelizmente, foi voto vencido nessa discussão. Pois poucos ali têm a visão tão visionária do nível de escrotagem que ele tinha. Um pequeno gênio. É vencido e obrigado a dançar música lenta (Take My Breath Away – música tema de top gun) com uma garota, que acaba arrochando, mas a deixa sozinha na festa, pois diz que tem que ir a outra festa (escroto, desde boy, é cheio de festas para ir), quando na verdade vai encontrar o pai a 2 quarteirões de onde está acontecendo a festa, local em que ele pediu para o pai parar, para ninguém ver que o pai está indo buscá-lo na festa.


Na segunda, o comentário é geral: Bebeu álcool na festa, pediu pra tocar forró, dançou música lenta, arroxou uma garota e ainda deixou-a sozinha na festa, para ir a outra. Amigos, o colégio agora tem uma nova potência em escrotagem. Já na 6ª série, o jovem começa a despertar a atenção dos escrotos da 7 serie e da 8, que já percebem o talento do garoto.

E passam a chamá-lo para ir as festas com eles. Inclusive no vila folia. Amigos, vocês não tem noção do nível de escrotagem que é você ir pro Vila Folia. Por que, nessa época, uma coisa era você sair com amigos no sábado - com um dos pais indo deixar às 4 horas e o outro ir pegar às 9 horas da noite – para o Natal Shopping, andar de escada rolante, comprar bagana na Sweet Sweet Way e lanchar no cupim pão de batata. Outra coisa, bem diferente, é você ter 13 anos, fazer a sexta série e já ir para o vila folia com os caras da 8ª Série. Meu amigo, se você chegou nesse nível, este que aqui escreve é seu fã. E o pequeno escroto chegou. O colégio tem um novo escroto e a sua turma, um novo líder vanguardista.


Ciente TODO o colégio disso, o que acontece a partir daí é apenas uma consolidação do seu status. Meses após meses, o escroto consolida sua escrotagem e chega à oitava série no auge de sua carreira no ginásio.


Já com sua liderança consolidada em matéria de escrotagem, principalmente após contarem no colégio que ele arrochou várias na Disney, no grupo laranja da aerotur, depois de gritar “NO DO MUDOOOO”, dentro do ônibus da Disney, e ouvir gritos histéricos da galera respondendo, é chegado o grande momento de testar o nível da sua escrotagem a nível municipal.


Já líder absoluto em seu colégio, o pequeno escroto se deparará com um novo desafio, uma semana após voltar da Disney: 05 anos do Divina Xama no Mon Jardin. A festa do ano. É sério, cara. O desafio é muito difícil. Lá ele encontrará a nata do epicentro da elite do seleto grupo dos melhores escrotos de todos os colégios de Natal.


O Mon jardim, para quem não sabe (e se não souber, não é escroto), não existe mais. Situado em Capim Macio, nas proximidades do Motel Raru´s (por que esse ponto de referência?!?), tratava-se de uma grande casa que foi transformada, com um palco e um grande jardim. Em todos as sábados haviam festas, que começavam por volta das 16:00 horas e se estendiam até por volta de meia noite. Todo mês a programação era a seguinte: Num sábado, Divina Xama e depois Pagode Moleke. No outro, Pagode Moleke e, depois, Divina Xama. No sábado seguinte, uma banda qualquer pra abrir, depois Divina Xama e, fechando, pagode moleke. No último sábado do mês, pagode moleke, uma banda qualquer e, fechando, Divina Xama. Programação diversificada, como podem ver.

Mas Pagode Moleke e Divina Xama tinham repertórios diversos. Divina Xama tocava Pagode da Amarelinha, alguns sucessos do molejo e depois finalizava com um romântico do art popular. Pagode moleke, por sua vez, abria o show com um romântico do art popular, emendava com um pagode da amarelinha (3 vezes seguidas) e finalizava com os sucessos do molejo.

Mas era legal o Mon jardin. E o pequeno escroto estava preparado para sua primeira ida lá. E logo na maior festa do ano: 05 anos do Divina Xama, com a participação do Pagode Moleke.

O traje devia ser impecável. Bermuda jeans (ou Short mauricinho da overend), sapatilha (ou o reebok classic branco sem meia) e uma camisa ¾ da overend gola canoa, ou uma camisa pólo da brooksfield do pai. No pulso, relógio Bulova ou Tag Heuer trazido da disney e no cangote perfume Lapidu´s. Sublime, espetacular. Só vai dar o jovem escroto de 15 anos de idade.

Já dentro da festa e meio melado por tomar algumas cervejas, o jovem escroto vê que a parada vai ser mais difícil do que ele imaginava. As garotas têm entre 16 e 18 anos e não o conhecem, apesar de ver pelo traje que ele está usando que ele é - ou está tentando parecer que é - algum escroto.

Conversa com alguns amigos, da 7ª série, enquanto toma uma cerveja, mas já ficando visivelmente embriagado. Cambaleia um pouco, mesmo parado, e fica triste por ver que a coisa está ficando mais difícil do que ele pensava. 15 anos, bêbado e na festa só havia garotas mais velhas, que só querem caras do 2º ano ou do pré. Estava difícil.

Mas ele, mesmo bêbado, lembra que o grande trunfo estava em seu bolso. Lá, havia um celular STARTAC da Motorola, que trouxera há uma semana atrás da Disney. Naquela época, meus amigos, poucas pessoas tinham celular. Alguns tinham um PT 130 (Tijolão), outros, mais chiques, tinham um Elite e só seletos tinham um Startac. E, dentre os escrotos que tinham startac, contava-se nos dedos os que tinham um Startac com bateria fina. O do pequeno escroto era exatamente esse: Um Startac e de bateria fina.

Era a senha. Com esse celular ele iria arrochar até as patricinhas que dançavam em frente ao palco de divina Xama fazendo coreografias iguais. Bastava tirá-lo do bolso e ligar para alguém, que todos iriam perceber e, principalmente, olhar para o celular.

Ébrio, sem medir os movimentos, o nosso pequeno, em um golpe rápido, põe a mão no bolso e tira o celular. Disca algum número e, antes de dizer “alô”, cambaleia pra frente, cambaleia pra trás, cambaleia pra frente de novo e dá a ultima cambaleada para trás, caindo estatelado no chão, com os olhos fechados, os quais só abriria no outro dia, sob os carões da sua mãe, que não o deixaria mais beber e nem iria habilitar o celular novo dele, que sequer tinha linha pra falar com alguém.

Escroto se é desde pequeno. Por que não basta ser escroto. Tem que parecer escroto.

domingo, 4 de outubro de 2009

É que nem gosto, cada um tem o seu.

Desculpem a ausência.

Atualizo esta semana apenas com uma observação cretina do cotidiano.

Evandro Santos, mais conhecido por interpretar o "Cristian Pior" do programa Pânico na TV, esteve na iminência de ser contratado pela Rede Record, do dizimista milionário Edir Macedo, o pastor na casa de quem nada faltará, pois ele é o pastor.

Recusou o convite. O motivo, segundo o humorista, foi a identificação que ele tem mais com o pânico.

Escrevo na íntegra as razões por ele expostas: "O 'Pânico' te dá muita exposição. Você vira o 'cara do fundão'. Os jovens gostam de você, você fica com cara de cool, descolado. E eles sempre apostaram em mim desde a primeira pauta. É um sentimento de gratidão"
Pois é, Record, você se fudeu. O cara preferiu ficar com cara de COOL do que trabalhar com o pastor.
Que cara de Cool esse evandro hein?


A entrevista: http://entretenimento.br.msn.com/famosidades/noticias-artigo.aspx?cp-documentid=22054566

domingo, 23 de agosto de 2009

No egito é assim..

O blog deixa o amadorismo de lado por um momento e abre espaço, com muita honra, para um profissional. O causo narrado abaixo é do Jornalista Muriu de Paula Mesquita, jovem escriba talentoso, de quem tenho o privilégio de desfrutar a amizade pessoal e poder ouvir as melhores histórias e estórias de mesa de bar aqui em Natal. Diz aí, Muricas:
Uma Experiência de Quase Morte
Não sou caixeiro viajante, mas busco conhecer lugares diferentes, aproveitar a vida, fazer bons amigos e ter novas experiências. Ah, essa minha sina de andarilho! Em 2004 inventei de desbravar o sertão pernambucano com uma turma animada. Assim, organizamos uma ida a São José do Egito, conhecida como “A Terra dos Faraós”, por causa dos inúmeros repentistas de renome surgidos por aquelas bandas, os quais são chamados de “Príncipes da Poesia”.

Aqui conto a história de um cidadão local de nome ignorado, conhecido pelo apelido de Coveiro. O rapaz era primo de nossos anfitriões e nos serviu de guia turístico naquelas paragens desconhecidas. Como bom de copo que era, tratou logo de nos apresentar as maravilhas etílicas e gastronômicas da cidade. Às tantas da matina, foram surgindo vários causos típicos da região, impregnados de vida matuta, humor e deboche. Eis que então um dos presentes à mesa, com ar gaiato, sugeriu: “Agora conta aquela, Coveiro!”. O rapaz conhecido pelo mórbido apelido certificou-se que nenhum estranho escutava a conversa e assim, em tom de suspense, recordou essa história.

*O fato relatado a seguir é uma pérola que deve ser contado ao sabor das deliciosas cachaças e tira-gostos, servidos nos recantos da cidadezinha de São José do Egito.

Após doses cavalares de conhaque de gengibre, vermute e muita cachaça, o Coveiro decidiu “antecipar” o Dia de Finados. Chegando ao cemitério, ele ensaiou se jogar numa das covas abertas, mas desistiu pensando que seria dramático demais precipitar aquele momento que ainda não era o seu. Na medida em que o álcool foi subindo à cabeça, não pensou em mais nada. Num acesso de fúria, destruiu várias sepulturas. Dentre elas, encontravam-se as tumbas dos maiores violeiros da região.

Ora, achava-se no cemitério “egípcio” um cabra “doido de rasgar dinheiro”, alcoolizado, violento e que, para piorar as coisas, depredava um patrimônio cultural e histórico da cidade. Avisada por populares, uma guarnição da polícia chegou no local e deu voz de prisão ao rapaz. Em seguida, o profanador de tumbas foi conduzido ao xilindró. Entre os seus pertences, uma garrafa de conhaque pela metade, duas coroas de rosas, e, pasmem, várias cruzes, que haviam sido arrancadas dos túmulos.

Ao chegar na delegacia, o sujeito esbaforido pede explicações do Delegado. “Seu polícia, então agora é crime visitar os mortos?” Ao que ele respondeu: “Ah, cê sabe seu moço... temos um dia certo pra isso”. Nisso, um guarda mais conhecido como “Cabo Velho”, por sua passagem pelo Exército Brasileiro, se aproximou da confusão e observou atentamente a pilha de cruzes, próxima do Coveiro. Ao conservar os olhos na direção dos objetos fúnebres, o ex-militar identificou o nome de seu falecido pai, fato este que o deixou transtornado. Na seqüência relatada, o guarda engoliu em seco o choro entalado na garganta, e evocou a memória daquele que havia sido tudo para ele, além de um dos melhores repentistas da região. Emocionado, sacou o seu revólver enferrujado pelo tempo e pôs o dedo em riste na cara do Coveiro em tom ameaçador: “Cê vai vêee, cabra de peia!”

EPÍLOGO - Por um capricho do destino, o revólver do “Cabo Velho” falhou enquanto o Coveiro assistia ao filme de sua vida, em fração de segundos, e jurava para si mesmo que nunca mais bebia além da conta. Eita Coveiro de sorte! Desta vez a velha senhora de preto guardou a foice, mas sabemos que ela está sempre à espreita. E, hoje, depois deste fato ocorrido em São José do Egito, ainda existem cientistas pelo mundo que insistem em duvidar da Experiência de Quase Morte. Deve ser porque não tiveram a oportunidade de conhecer o Coveiro, personagem deste nosso causo.

Muriu de Paula Mesquita – Jornalista em Natal

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tudo como dantes, no quartel de abrantes.

Há uma frase, de vez em quando dita por mim, que resume bem meu modo de ser: “Eu nasci na época errada”. É que eu sou todo desmantelado. Sou retrô, nostálgico, gosto das coisas do passado, admiro as tradições e entendo tudo errado nas modernidades que eu observo. E por ser desta maneira, saio por aí fazendo piada de tudo que eu vejo pela minha frente. Pois o que se vê por aí é o contrário do que eu acho correto: as pessoas seguem tendências, quando as tendências é que deveriam seguir as pessoas, pois a vida se faz no estilo de cada um.

A introduçãozinha acima – idiota, frise-se – é apenas para ilustrar o que eu tenho para contar a seguir. É que algumas coisas não mudam. Não tente imaginar o passado. Tudo que já aconteceu muito provavelmente está se repetindo (mudando-se os personagens) diante dos seus olhos e você não sabe. Por mais que você escute o que já ocorreu no passado, não tenha saudades dele, tudo acontecerá novamente.

O escrito de hoje é sobre futebol. Mas poderia ser sobre qualquer outro ramo. As coisas não mudam nunca.

Vejam bem.

O futebol é co-irmão do álcool. De 22 jogadores que compõem uma equipe profissional de futebol, 25 bebem. Por que o técnico, o auxiliar e o massagista também gostam da brincadeira. É todo mundo na manguaça, não escapa ninguém. Alguns bebem menos, outros mais, mas ninguém foge da branquinha.

Mas todo mundo condena essa íntima relação. E são hipócritas. “Jogador meu que chegar bêbado no treino, está fora do time”, diz o treinador que passou a véspera do jogo no bar de Zequinha. Alguns são mais confiantes e têm mais personalidade: “Bebo meu negocinho e na hora do jogo resolvo a parada. E aí?”. (Renato Gaúcho).

Na história recente do América, por exemplo, sobretudo após a pífia campanha de 2007, infelizmente o tema "cachaça" passou a ser rotineiro no time. Desde aquele ano até o início deste ano, jogadores ficaram mais conhecidos pelos seus dotes etílicos do que pelo que fazem em campo. Era um verdadeiro festival de farra.

Foi assim com, dentre algumas figurinhas mais carimbadas, Max, Berg, Rosembrink, jogador conhecidissimo por suas habilidades com a "Branquinha" e mais recentemente Ciel. Este último conseguiu a façanha de ser demitido de TODOS os times do Brasil em que jogou e semana passada conseguiu a primeira proeza internacional de que se tem notícia: Chegou bêbado no treino do time de Portugal em que estava há uma semana e foi demitido. Ninja esse aí.

Mas se engana quem pensa que a Cachaça é um problema recente. Passado, meus amigos, as coisas estão no passado. E voltam uma hora ou outra.

Conversando com um ex jogador, de longa data, ele me contou um caso engraçadíssimo.

Era a década de 60/70 e o América não estava fazendo um ano bom, alguns anos sem título e o Presidente não sabia o que fazer para melhorar o time.

Tomou conhecimento, certo dia, que no Botafogo, de João Pessoa da Paraíba, havia um matador. Pelas informações que obtivera, o cidadão era um monstro: em 7 partidas, o cara tinha feito 23 gols. Uma marca impressionante. Era a salvação. Mas a melhor notícia foi quando descobriram que ele estava sem receber salário há 4 meses e descontente com a situação.

Era ele. Tinha que ser ele. Os dirigentes americanos foram a João Pessoa, com dinheiro na mala, dispostos a contratar o atacante. Só sairiam de João Pessoa com o acordo fechado. Mas, antes, obviamente, queriam conhecê-lo. Afinal, dele só tinham informações.

Foram à capital paraibana numa sexta feira de manhã pra assistir o treino do botafogo à tarde. Antes, pediram informações a alguns amigos de lá que, ao ouvirem o nome do jogador que queriam contratar, comentavam: “Um monstro”, “Melhor que eu já vi jogar”, “faz mais gols numa partida do que o macaco pula num ano todo” (essa é ótima).

Chegaram cedo para o treino e ficaram na arquibancada. Começando o treino, se assustaram com o cara. Alto, forte, rápido e com um chute potente. Fez 5 gols no treino de 60 minutos. Não tinha jeito, tinham que levá-lo. Foram conversar com ele:

- Estamos vendo que você joga bem - disse o Presidente - viemos de Natal pra levá-lo pro América. Você tem interesse?

- Podemos conversar, doutor - disse o matador

- Você ganha quanto aqui?

- Doutor pra falar a verdade – explicou, baixando a cabeça - tô fazendo de tudo aqui, mas tô sem receber nada. Faz 4 meses que não recebo.

- Não se preocupe quanto a isso, lá agente paga antecipado e o salário é em dia - esclareceu o presidente – tá vendo aquela mala ali com o rapaz de camisa branca? Tem uns 50 mil presentes ali dentro pra você.

Os olhos do cara chega brilharam

Mas antes queremos saber algumas coisas sobre você.

- Pois não

- Você bebe? – perguntou o Presidente, olhando nos olhos dele, para ver se mentiria.

- Não senhor – respondeu com firmeza.

- Fuma?

- Também Não – também respondeu com afinco

- Me responda mais uma coisa: Vai a Cabaré?

- Jamais frequentei, doutor.


Diante das informações do rapaz, o Presidente chamou seu assessor e disse, numa reunião reservada: “É um sonho! O cara é espetacular: É artilheiro como nunca vi, não bebe, não fuma, não vai a cabaré. Vá pegar essa mala agora mesmo, por que esse cidadão tá contratado!!”

Pagaram $50 Mil ao cara (dinheiro da época) antecipado na hora e disseram que queriam ele segunda feira lá em Natal pra começar a treinar.

- Estarei lá com certeza – respondeu o matador, após assinar o contrato, ainda com os olhos brilhando por ter visto o que não via há 4 meses.

E os dirigentes voltaram, sozinhos, para Natal imediatamente após o treino. Felizes da vida, queriam de qualquer forma comemorar a grande contratação. Voltaram do treino do Botafogo direto para Natal. Uma contratação dessas tinha que ser comemorada né?

Os dirigentes foram, então, direto pro Cabaré de Maria Boa, saudoso estabelecimento etílico que marcou aquela época, para comemorar a contratação da década.

Chegando lá no Cabaré, por volta das 9 horas da noite, um dirigente cutuca o outro:

- Rapaz, olhe quem ta ali!
- Não acredito não –
disse o outro
- Não pode ser - se assustou o Presidente.

A cena era do jogador que acabaram de contratar em João Pessoa, sentado numa mesa. Havia um litro de Whisky em cima e seu copo estava cheio. Na mão, um cigarro, com uma carteira em cima da mesa. Duas raparigas sentadas em seu colo. O cara estava a imagem da desgraça do desmantelo. O cara tinha chegado antes mesmo dos dirigentes, que vieram voando de João Pessoa.

O presidente, não tendo dúvidas que era ele mesmo foi lá tirar satisfação. Foi brabo:

- Mas rapaz... – falou o Presidente se dirigindo ao atleta, que ao ver o dirigente, tomou um susto, mas disse de forma alegre:

- Doutor!! Que alegria em ver o senhor por aqui, sente aí. Olhe, conheça minhas amigas aqui. Essa aqui é Jurema “Quero Pica” e Sandrinha “Quero Pau”. Segundo elas, é a mistura dos pássaros, “quero-quero” com “pica-pau”, num vá pensar mal delas não, viu?

Mas o Presidente não estava muito afim de papo:

- Rapaz, como é que você faz um negócio desses?? – perguntou ele irritado – a gente saiu de Natal pra contratar você, você disse que não bebia e tá aí com um litro de Whisky em cima da mesa. Disse que não fumava, mas tá com três cigarro na boca. Disse que não freqüentava cabaré, mas tá aqui em Maria boa, o lugar que tem mais quenga por metro quadrado, cheio de rapariga, e logo com duas donzelas que formam a combinação de “quero quero” com “pica pau”. Como é que você me explica um negócio desse??

E aí o artilheiro termina o gole de whisky que estava dando enquanto o Presidente falava, dá um trago no cigarro, olha pro Presidente e fala com toda sinceridade:

- Ali eu tava liso, Doutor. Com dinheiro no bolso é outra história!

E assim segue a vida...
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Nota:
Falando sobre Futebol, quem vem orgulhando nosso Estado é o simpático Alecrim, Heptacampeão Estadual de Futebol (1924/1925, 1963/1964, 1968, 1985/1986), que vem fazendo grande campanha na Série "D" do campeonato Brasileiro.
Mas o Alecrim não nos orgulha apenas por isso. Acessem www.alecrimfc.com.br e ouçam (lá em cima em "Hino Original") o hino do verdão potiguar. Na verdade, ouçam apenas a primeira estrofe.
O WIPHURRA. Eu falei WIPHURRA.
Porra!!!!
O toque sobre o hino foi de um certo cidadão que em tempos passados não saia de seu pequeno mundo e curtia, à exaustão, a historinha narrada de hoje.
Abraços.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Michael Joseph Jackson

Por não ter o costume (e principalmente tempo) de escrever todo dia, infelizmente passou sem registro neste pequeno espaço virtual o fato da morte de Michael Jackson. E diante disso, cobraram-me um texto sobre o Rei do Pop, meu ídolo e de todos aqueles que gostam de música pop, pois ele é o percussor nesse gênero musical. Sem a hipocrisia de só reconhecer alguém após o seu falecimento, como soe acontecer com todos os que não eram nada em vida e passam a ser depois que partem dessa para uma melhor, MJ não precisou disso.

Ele foi estrela durante a infância, um mito durante toda a sua carreira ainda em vida e Deus lá sabe a expressão de sua figura para a eternidade com a sua morte. Coisa de Elvis Presley, Beatles, pra lá. Michael Jackson superará todos eles em questão de referências e memórias musicais. O tempo dirá.

Uma vida totalmente louca, inusitada. Para se ter uma pequena idéia, seu velório ocorreu após a missa de sétimo dia. Um ninja.

Não tenho muito a escrever sobre o Michael. Basta digitarem aí no google que vocês encontram as mais inusitadas histórias sobre ele. No entanto, como conselho, assistam o clipe “Beat It”, um de seus clássicos.

Relatarei e vocês verão do que Michael Jackson era capaz.

Essa música, dizem, é um desabafo de Michael. À época de sua composição, o astro recebia várias críticas (aliás em toda sua vida ele recebeu críticas, injustas críticas), e, no auge dos ataques que sofria, o aconselhavam a abandonar a vida artística. O hit, então, é um relato de Michael explicando que apanhava de todos os lados e as pessoas o aconselhavam a Beat it (cair fora) dessa vida, o que, para alegria dos fãs, isso nunca aconteceu.

Antes de lerem o que escreverei abaixo, entrem no Youtube e busquem o clipe de “beat it”. É fácil.

O clipe é hilário. Trajando roupas típicas dos anos 80, duas gangues rivais estão em lados opostos da cidade, arquitetando uma briga em algum galpão. A câmera mostra os integrantes das gangues (por volta de 30 cada um), e principalmente o líder. Cada gangue tem o seu líder.

Uma delas é liderada por um rapaz negro, com óculos Ray Ban parecido com os que Tom Cruise usaria pouco tempo mais tarde em “Top Gun” (Cuja música título “Take My Breath away” dominava a sessão de música lenta das festas americanas que havia nos colégios – escreverei sobre essas festas americanas em breve...), trajando uma jaqueta com um símbolo que não consigo identificar (quem souber, me ajude), calça vermelha apertada.

A outra gangue é liderada por um loiro.

As gangues são rivais mas dá pra perceber claramente o seguinte: os caras são maus, truta. Se liga no que eu tô te dizendo. Os caras são maus mesmo. Não tão nem aí pra nada. São maus mesmo. Se tem alguém mau nesse mundo, são esses caras aí que estão no clipe que vocês vão ver ou já viram. Maldade. Tem ninguém bonzinho não.

Os rivais andam pela cidade (todos, já falei, muito maus), em direção ao galpão onde provavelmente (eu falei provavelmente) brigarão feio. Digo provavelmente pois o clipe se desenvolve todo sob esse contexto: São caras maus, vestem-se de forma mal, andam com instrumentos que parecem ser maus e caminham em bandos pela madrugada em direção a algum destino, todos com cara de mau. Então, vão brigar feio, né não? Acho de coração que sim.

Enquanto tudo isso que estou contando acontece, o clipe mostra lances esporádicos de Michael Jackson andando e dançando sozinho pela cidade. Ora está no bar onde uma das gangues estava, ora está num salão onde a gang estava. Ora está na rua. Ora está andando pelo mesmo caminho por onde as gangues passaram. A conclusão que se extrai é que o nosso astro está seguindo a trilha dos dois grupos e indo em direção a onde eles estão.

Quer encontrá-los, por alguma razão que desconheço, pois os caras são muito maus e MJ não parece mau. Ele parece feliz pra caracoles. Em toda situação que ele aparece no clipe, está dando chutinho pro alto (característico dele), rodando (característico dele), botando o bumbum pra requebrar e cantando, em play back, a música do clipe:

Just beat it, beat it, beat it, beat it
No one wants to be defeated
Showin' how funky and strong is your fight
It doesn't matter who's wrong or right
Just beat it, beat itJust beat it, beat itJust beat it, beat itJust beat it, beat it


Quando as gangues se encontram (enquanto Michael rodopia por aí), o momento é de tensão. As duas surgem de lados opostos do galpão onde marcaram o encontro, abrem as portas da garagem e ficam frente a frente para brigarem.

O líder de cada uma das gangues toma à frente e ficam cara a cara. Nenhuma palavra é dita. Os dois, então, têm uma das mãos amarradas com um pano ao outro, ficando com a mão esquerda livre, onde seguram, cada um, uma faca afiada.

Começa-se o ritual. Parece que a briga vai acontecer mesmo. Dão um passinho pra trás, Dão outro. E começam a se estudarem, ensaiando alguns golpes com a faca.

Os dois estão no início da briga, mas, ao alto do vídeo, aparece Michael Jackson numa porta no lado de cima do galpão. Inesperadamente ele já está no meio dos dois brigões e entre as duas gangues. Amigos, eu vou tentar explicar onde está Michael Jackson: O truta do Michael está no meio de duas gangues MUITO, MAS MUITO MÁS e prestes a começarem um quebra-pau daqueles. E mais ainda: MJ está no meio do chefe delas duas, os caras mais maus entre os caras maus que estão ali reunidos.

Para estar ali, numa posição de mais alto risco devidos as circunstâncias, esse cara só pode ser duas coisas: a) É um suicida ou b) É um Rei.

Letra “B”. É um rei. E do Pop.

Michael Jackson com seu poder sobrenatural toca nos ombros dois líderes (que era muito maus), olha nos olhos de cada um deles e resolve a parada. Os caras simplesmente esquecem a briga, esquecem as desavenças, esquecem a maldade que lhes consumia os corações, esquecem que se odeiam, esquecem que são maus, esquecem de tudo de ruim que lhes consumia.

E começam a dançar. Mas não qualquer dança.

Uma dança de Michael Jackson, as quais o mundo todo tentou imitar e não conseguiu e que, agora, ele levou para todo o céu junto com ele dançar.

Afinal, Who´s bad?

Ninguém perto de Michael Jackson.

Aaaaaaauuu!


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Nota:

Estão todos convidados para irem, hoje, ao Budda Pub. Tributo a Michael Jackson, com a banda VnV. Se virem um cidadão com um chapéu branco, um blazer com uma faixa branca no braço e uma luva branca com diamantes, cumprimentem-no. Será este blogueiro.

Budda Pub hoje a partir das 22:30.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O TWITTER É AQUI!!

"Saindo pra Nataaaaaall, fugindo da festa de Santana, abraço a todos!!"

Se eu tivesse Twitter, a febre do momento, essa seria a minha mensagem de 140 caracteres.

Pessoal, mais uma vez agradeço os elogios. Até eu me surpreendi com o tempo que tive para postar textos novos em tão pouco tempo.

E, atendendo a pedidos, dei uma remodelada no layout do blog e o abri para comentários, o que não tinha antes.

Tenho três novos escritos para a semana. Fiquem atentos.

Ahh, sobre o "fugindo da Festa de Santana" aí em cima foi apenas para dizer que, esse ano, não poderei participar de uma das melhores festas do RN. Gosto tanto da Festa da Padroeira Caicoense que escrevi um pouquinho sobre ela ano passado.

Me despeço com o link do texto. Abraços:

http://cadeosgaletinhos.blogspot.com/2008/06/falcias-urbanas-e-o-jovem-do-pendura.html

terça-feira, 28 de julho de 2009

Não confunda "Seu cuca é eu" com "seu cu quer eu"

Conversar com pessoas mais velhas do que nós é sempre um grande aprendizado. Lições de vida, conselhos, sermões e principalmente o conto de histórias nos faz ter uma noção de como o passado era tão distante do presente e se distancia ainda mais do futuro.

Em uma dessas conversas, tive uma percepção de como eram aplicadas as provas de antigamente. Nada de Provas, testes, Enem, Vestibular, Programa seletivo, nada disso. Antigamente (mas bem antigamente), a prova de “cultura popular”, cátedra que existia à época – e na minha opinião, precisa voltar a existir, quando soube sua função – consistia em um exame oral de temas diversos sobre o cotidiano popular. Uma riqueza de cultura.

No caso específico, o jovem (hoje com idade para ser meu avô), iria se submeter a um teste em que lhe questionariam acerca dos ditados populares. O jovem estudou dois deles: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”. Na ocasião, deveria ditar os dois de forma rápida e depois explicar a origem e sua aplicação prática no dia-a-dia. Algo muito fácil e tão inexpressivo nos dias de hoje, mas que servia para que os jovens da época valorizassem cada vez mais a sabedoria do povo, algo tão raro atualmente.

Então, percebe-se que eram duas fases. E eliminatórias. Na primeira, deveria ditar os dois ditados que estudou de forma rápida e sem cometer erros. Na segunda fase (caso aprovado na primeira), teria que explicar cada um deles.

Escolhido os ditados e pesquisado tudo sobre eles, o jovem estava com o histórico de ambos na ponta da língua. O cuidado agora era apenas para não errar quando fosse ditá-los de forma rápida. E assim o jovem passou a semana toda treinando de frente para o espelho: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”, : “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”, “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando”.

- Meu filho, vá descansar – dizia a mamãe preocupada vendo o esforço do filho - você já está aí há muito tempo, tenho certeza que vai se dar bem.
- Vou mamãe, mas “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e “Mais vale uma pomba na mão do que duas voando” - respondia o serelepe garoto.

No dia da prova, havia mais três garotos com ele. Os outros dois haviam escolhidos temas diversos, como Folclore ou sobre a história de algum artista popular. Só ele havia escolhido os ditados. Ele era o último. Os três ficavam numa antesala esperando serem chamados.

Após verem, um a um, os dois saírem da sala com a notícia de suas aprovações, o jovem ouviu seu nome ser chamado, convidando-o a adentrar na sala onde ele seria examinado. Ao entrar, vê três professores sentados de frente para ele. Segue-se o diálogo.

- Bom dia jovem, qual tema você escolheu de cultura popular?
- Bom dia, professores, escolhi “Ditados Populares”.
- Pois não – passou a explicar o professor – queremos que você diga os seus dois ditados de forma rápida para nós. Caso consiga fazer isso, você estará aprovado para a segunda fase, quando deverá nos contar a história de cada um e a sua importância prática no nosso dia a dia.
- Pois não, professor – respondeu o jovem, com uma certo ar de segurança.
- Pode começar.

O que ele não sabia até aquele momento é que o ser humano tem alguns momentos de lapso, de confusão de memória, causado algumas vezes por situações em que se está sob pressão, tal qual aquela situação em que ele estava agora e pela qual nunca havia passado antes.

Sentiu, como nestes momentos, as pernas tremerem e os braços balançarem e as palavras simplesmente fugirem da sua cabeça. Não se lembrava mais de nada. Tentou começar:

- Mais vale... – balbuciou, sob o olhar dos professores.
- Mais vale uma ...- continuou, trêmulo, enquanto os professores já começavam a aparentar nervosismo..

Parou por 10 segundos, fechou os olhos, tentou buscar as palavras no fundo da memória. Viu que havia conseguido alguma coisa, respirou fundo e disparou rapidamente, como era exigido no exame:

- MAIS VALE UMA POMBA DURA NA MÃO DO QUE DUAS MOLES FURANDO UMA PEDRA!!!

Estava tão nervoso que não conseguiu entender sequer o que ele próprio havia dito, razão pela qual não entendeu quando a professora da esquerda mandou ele ir embora daquele lugar, chamando-o de moleque depravado..


quinta-feira, 23 de julho de 2009

De Capital e de Interior.

Tem gente que adora interior. E outros não, pois gostam da capital. Há, em sentido contrário, alguns que não gostam da capital, preferem a vida no interior. E, também, há os que não conhecem o interior no seu dia-a-dia, estão fartos de viver na capital e querem se mudar para o interior. É o caso do jovem de hoje.

Aprovado em concurso para delegado da polícia civil da Paraíba, o rapaz conseguiu, enfim, se mudar da rotina atrabalhoada (neologismo) da capital potiguar para ir morar no sertão paraibano. “Além de realizar meu sonho de ser delegado, poderei agora viver a experiência de morar no interior, respirando o puro ar interiorano e ver os pássaros gorjearem ao alvorecer”, explicou-me, em tom poético, o nobre amigo.

Mas poética mesma era a visão do amigo da vida interiorana. Acostumado apenas a ir a festas esporádicas, passando apenas 01 ou 02 dias numa cidade pequena, onde se acostumou a deitar e rolar, o jovem há muito havia se decidido: “quero morar no interior”.

A vida no interior é, de fato, muito boa. Acreditem, sei do que estou falando.

Mas para quem viveu uma vida inteira na capital, a adaptação não é tão fácil. Praças de alimentação de Shopping Centers viram traillers ou barracos. Carros nas ruas, dos quais ele estava de saco cheio, perdem duas rodas e viram motos que parecem se proliferar aos milhares. O Hospital, que era bem próximo à sua casa para qualquer urgência, parece que se locomoveu para centenas de quilômetros onde estava. Atropelar gatinhos em avenidas movimentadas vira brincadeira de menino quando se dá de frente com um boi na pequena rua em que você está.

Que não soe como nenhuma crítica o que estou dizendo aqui. Quero afirmar, apenas, que as coisas são bastante diferentes quando se vive uma vida inteira na capital e se muda tão de repente para o interior. E da mesma forma, frise-se, o interiorano não se acostuma fácil com a vida numa grande capital.

É mais ou menos por aí.
Aliás, sou fã do povo do interior, de onde se tira as suas grandes riquezas. Povo altamente hospitaleiro, acolhedor, amigável, carinhoso, solícito e sempre de bom humor. Aliás, nem sempre. Há um mito que diz ser o povo interiorano de temperamento forte, grosso, e demais adjetivos. Não é totalmente correta essa informação. O que acontece é que os interioranos, principalmente os mais vividos, são muito inteligentes e têm larga bagagem de vida. Na verdade, eles não são grossos, apenas não têm paciência com perguntas inúteis.

Essa pequena passagem que falei aqui, foi apenas para tentar mostrar um pouco como são as coisas. Mostrar para você que talvez não saiba e também dar uma ideia do que são as coisas que o jovem, nosso personagem de hoje, nunca soube antes de ir para o interior.

Não sabia, principalmente, sobre essa personalidade temperamental de alguns interioranos.

E foi aí que o bixo pegou. O jovem, bastante conhecido pela sua educação com todo mundo, passou por poucas e boas por não saber esse detalhe.
A começar pela viagem, né?
Imagine o jovem indo, sozinho, para uma cidade desconhecida, cujo caminho mal sabe direito, indo se apresentar como a maior autoridade policial? Com certeza vai se perder na estrada ou então terá que pedir muitas informações para poder chegar na cidade.

Dito e feito.

Após mais de 09 horas de viagem (em situações normais, viajando de carro, duraria pouco mais de 04 horas) o jovem viu uma placa indicando que faltavam poucos quilômetros para o destino.

Ainda meio desconfiado, resolveu perguntar a um senhor, que fumava um cachimbo
sentado numa cadeira de balanço, usando um chapéu preto de couro, numa calçada qualquer de uma cidadezinha pequena dessas que ao lado tem a igreja, do outro a praça, mais à frente a prefeitura e se acaba a cidade:

- Meu senhor, por favor, poderia me dar uma informação? – perguntou o jovem ao encostar o carro na calçada e descer o vidro do passageiro do carro.
- Heeeeinnn??? – perguntou o velho senhor, se levantando da cadeira vagarosamente da cadeira e mais lento ainda caminhando em direção ao carro.
- Gostaria de uma informação... – repetiu
- Diga
- Meu senhor, essa estrada aqui vai para a cidade tal? – perguntou o jovem apontando para a estrada.
- Essa aqui? – perguntou o velho
- Sim...
- Meu filho, sinceramente, eu não sei. Mas vou dizer uma coisa a você que é jovem e não deve conhecer a região – continuou o senhor, olhando para o rapaz - Faz 78 anos que eu moro aqui e se essa estrada for pra onde você tá dizendo, ela vai fazer uma falta danada, por que só tem ela aqui na região!
Tome a primeira!
Entendendo o tom irônico da resposta, o jovem sabia que aquela estrada o levaria para seu destino e seguiu viagem.

Ao chegar lá e passar, na entrada da cidade, por alguma estátua de algum bicho que caracteriza a cidade, algum santo padroeiro da cidade ou de algum influente político que lá morou (tem muito isso, né não? Prestem atenção direitinho...), o jovem, enfim, chega ao seu destino.
Morto de fome da cansativa viagem que fez, o jovem procura logo algum restaurante (a cidade é mediana, tem restaurantes pequenos) para matar a fome e encontra o “Restaurante do Claudiomiro – Frango e carne assada à vontade” logo na entrada.

Educado como ele só, buscou se informar como trabalhava o restaurante e perguntou ao dono, um senhor barrigudo de camisa regata, com um pano no ombro direito e um pedaço de palha no canto da boca:

- Amigo, como é que funciona aqui? Pode colocar comida à vontade no prato e vocês servem a carne?
[ Leitores, muito cuidado com o que vocês querem saber por aí. Uma pergunta dessa é apenas a deixa para uma resposta típica de quem não tem paciência. E já falei no começo que nem todo mundo tem paciência no interior com perguntas inúteis]
Eis que o dono do restaurante olha pro rapaz, pensa um pouco e responde de bate pronto:
- Não, senhor. Aqui agente coloca a comida dentro daquele chapéu ali que aquele rapaz ta usando (era o gordinho da nelore, tomando uma lá fora, num carro rebaixado, com um amigo) e a carne vem junta, o prato é só de enfeite, mas se você quiser, pode jogar por aí quando sair daqui.
Tome a segunda!
Depois de almoçar caladinho, o jovem saiu de lá com uma difícil missão de encontrar a delegacia onde ia trabalhar já no outro dia. Difícil, isso mesmo. Por que em cidades como a que o rapaz iria trabalhar, delegacia é artigo de luxo. E, quando existe, fica dentro de algum prédio da prefeitura ou em alguma sala de aula de escola quando não está havendo aula.

No caminho, parou para ver uma loja que vendia roupa, pois tinha trazido pouca. Encontrou uma loja, ficou olhando na vitrine e viu as roupas lá dentro. Eis que o vendedor veio até à frente da loja para falar com ele e perguntou:

- Vende o que aí? – perguntou o jovem
O vendedor olhou para o rapaz com cara de quem desconfiava que aquele jovem estava tirando com ele, apesar de não saber que ele estava perguntando sério. Respondeu de bate pronto.
- Amigo, dá pra ver que tem calças, camisas, bermudas, artigos masculinos em geral. Mas lhe confesso que nossa especialidade é vender melancia, ratoeiras, patinetes e pogobols. Tem preferência por bambolês? Temos de todas as cores.
Tome a terceira!
Já no clima e tendo idéia de como são as coisas, chega o jovem à delegacia, seu local de trabalho. Bate à porta e abre o Capitão Sylmar, que estava apenas esperando o novo delegado chegar para por ir para outra cidade, para onde havia sido promovido.

- Diga!!! – disse o capitão com por volta de seus quarenta anos, farda da polícia militar, 38 na cintura e um bigodão que impunha respeito. À sua frente estava o jovem, franzino, com uma calça toda estampada tipo aquelas dos cantores de calcinha preta, vestindo uma camisa preta justa na manga com os dizeres “WOLFGANG: THE PROJECT” (Hehehehe, gostaram hein?) .

- Opa, boa tarde. Aqui é da delegacia?
- Não, boy – respondeu o capitão – é o cinema da cidade. Entre aí pragente assistir Titanic. (tome)
- Ei – já começando a ficar brabinho com tanta reiada que levou – fale direito comigo que eu sou o novo delgado aqui.
- Opa, doutor! Me desculpe! È fulano né?
- Isso
- Me desculpe, é por que vez por outra aparece um aqui querendo fazer graça, mas entre aí.

E o jovem entra no seu novo local de trabalho, que não á lá dos melhores, e seguindo as instruções do capitão, conhece onde estão os papéis, os telefones da secretaria, as armas, a viatura, tudo. Mostra, também, as celas onde estão os presos. Além de alguns conselhos que ele dá ao novo colega.

- Doutor, aqui tem que botar moral mesmo, senão tentam passar por cima de você. Tem que mostrar quem manda mesmo. Me desculpe estar dizendo isso para o senhor é que...

O capitão é interrompido por um toque do telefone.

- Alô? – atende o capitão
- Da onde fala? – pergunta uma voz dum homem do outro lado da linha.
- Da delegacia – responde
- Delegado – continua o homem – eu acho que tem um ladrão aqui! Eu acho que tem um ladrão!
- Um ladrão?
- Isso, delegado, um ladrão!
- Pois meu amigo, saiba de uma coisa, aqui onde eu to tem mais de 10 ladrões e eu num ando ligando pra ninguém perturbando.

PÁ!! Desliga o telefone e olha pro jovem, que tenta parecer firme mas está um tanto quanto assustado com a situação.
- Sim, como eu ia dizendo...

E pegue o capitão dar conselho ao jovem de como é a vida na cidade, como é o trabalho, tudo. Conversam por uma hora, até que o capitão diz que é hora de ir embora e se despede do jovem delegado, a quem deseja boa sorte.

Já eram 8 horas da noite e o jovem sequer tinha uma pousada para dormir. Mas resolveu, antes de ir para a pousada, ir para algum forró cujo cartaz viu na estrada. Era quinta feira e o forró, ao que leu, parecia ser bom.

- É pra lá que eu vou! – disse pra si mesmo.

Parou um carro para peguntar onde era o “Forró da Fuleragem”, nome do forró.

- Cidadão – abordou um homem na rua, para perguntar, baixando o vidro do carro – você sabe como eu chego no “Forró da Fuleragem”?
- Muito fácil – disse o homem – ta vendo a igreja coração de Jesus ali na frente? Pronto, vá reto, dobre na Rua São Judas, três ruas depois entre na São Batista, passe o convento Padre Nunes, dobre a direita na Rua São Cosme...
Eis que o jovem interrompe:
- Ei meu amigo, diga logo onde é isso aí que eu quero ir pruma fuleragem, num é pro céu não.
- Não, é ali mesmo. Faça isso aí que eu disse.
E lá foi o jovem.
Chegou lá na festa, fez o que pessoal?
Não, carteirada não. Ele ainda sequer tinha a carteira. To perguntando dentro da festa...
Isso mesmo! Chamou o garçom:
- Bote uma mesa próximo ao palco, com um litro de whisky e gelo em cima dela.
E por ali ficou, sozinho, na moral, e curtindo a festa sozinho.

Inquietante, para ele, era apenas uma jovem bonita que não parava de lhe olhar. Ele olhava para o palco e quando desviava o olhar, ela estava olhando pra ele, ora apenas olhando, ora olhando e comentando algo com amigas.
Depois de algumas doses de whisky e algumas olhadas fixas, a garota resolveu chegar no jovem e foi logo perguntando:

- Ei, você é o delegado novo daqui né? Passei hoje perto da delegacia e vi você por ali.
- Que horas são? – perguntou o jovem à garota
- Hã?? – não entendeu a garota - por que você quer saber? Responda minha pergunta..
- Diga que horas são, moça! – repetiu
- Ta bom, são 1 e meia da manhã.
- Pois é, até as 6 da noite eu era isso aí que você ta dizendo e meu nome é Dr. Tiago. Passou dessa hora, como agora, eu sou o TIAGÃO DAS QUEBRADAS. Cadê a turma?


Tiago é só nome fictício, viu?? hehehehe



terça-feira, 21 de julho de 2009

Agradecimento e esclarecimentos.

Amigos, muito obrigado pelos elogios quanto aos últimos posts. Fico feliz em saber que gostaram.


Para quem não conhecia o blog, fi-lo (fi-lo é ótimo) com a intenção apenas de divulgar algumas aventuras de amigos que me contam por aí. As histórias (estórias, não) contadas são verdadeiras na essência, ilustradas apenas por um toque a mais de humor que dou ao caso.




Por mais que me perguntem ou que pareça, insisto em dizer e repetir que não sou protagonista de nenhuma passagem relatada.




Os casos são frutos apenas da mais rica e produtiva atividade de engrandecimento humano que é a conversa de mesa de bar. O resto é só observar o que acontece à sua volta para ver que é verdade tudo o que relato aqui.




Não dou nome aos personagens pois são fatos reais. Mas nomino os que colaboram comigo me ajudando, como foi o caso da minha miguxa Jêzoca, que me descreveu com riqueza de detalhes os trajes das amigas do gordinho e do escroto, descritas no último texto. Valeu, Jê!




Aliás, quem quiser me dar alguma sugestão de texto, pode mandar pro meu e-mail ou msn que publico. Podem pedir aos amigos aí que eles têm.




No mais, valeu e voltarei a escrever em breve pra vocês. Forte abraço.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

O escroto, o gordinho e amigas na festa de apartação currais novense.

Quem não recebeu, me peça que eu envio. Mas não deixem de ler, pois está imperdível o “forró do escroto”, título do e-mail que circula contando, quase que à exatidão, o que faz por aí um dos personagens mais conhecidos do nosso cotidiano, em especial do cotidiano natalense: O Escroto.

Faltou dizer, no texto, quem é um dos grandes amigos do Escroto, que é exatamente o cidadão do post aqui abaixo, o já famosíssimo “Gordinho da Nelore”.

Vocês acham que eles iriam perder a XXXVIXIII (Escroto que é escroto coloca todos os números em algarismos romanos) Grande Vaquejada de Currais Novos, que se passou esse fim de semana? Lógico que não.

E vocês acham, também, que eles vão deixar de colocar tudo o que aconteceu no Orkut, para todo mundo ver? Claro que não, né? Aliás, já colocaram. E eu tive a graça de poder ver o álbum por inteiro, o qual tentarei relatar pra vocês, descrevendo a foto e a respectiva legenda.

Uma festa grande como a vaquejada de Currais Novos requer planejamento. E disso o escroto se encarrega a semana toda.

O primeiro passo é a formação da equipe que vai. Ele, o gordinho (pra dar a graça) e mais três amigas para dar o toque feminino. Todas, obviamente, bonitas e de cabelos lisos. É desnecessário dizer que são patricinhas.

Após definidos os integrantes e reservada a pousada (a mais próxima da resenha de tarde, óbvio), começa todo o processo de divulgação pelo Orkut e MSN. Não da festa, óbvio. Mas divulgação do fato de que eles vão. Por que o importante não é ter uma festa, sabe? O importante é que o escroto, os amigos do escroto e as amigas do escroto saibam que haverá uma resenha e que ele estará nessa resenha.

Dessa forma, o escroto já coloca no subtítulo do seu nick no MSN: “Currais vai ser diferenteeeee” (tem que ter vários “e”). As meninas, um pouco mais discretas, não colocam nada no MSN, mas no Orkut os scraps são trocados para que haja uma maior divulgação: “Essa vaquejada que nos aguarde, amigaaaa!!”, diz Carol para Patrícia. “Amigaaaa, Currais nunca mais vai ser a mesma depois desse fim de semana” responde Patrícia para Carol. “Amigaaaaaaaaassss, preparadas????????” escreverá Mariana, a terceira amiga, para Carol e para Patrícia. Amiga mesmo!

O Gordinho não escreve no Orkut, pois o seu orkut é apenas uma foto dele em alguma vaquejada, com o boné, e mais nada, nem foto nem nada. E no MSN entra muito pouco.

Tomados os devidos cuidados de divulgar o fato de que eles vão, é hora de seguir a viagem, no carro do escroto. Sexta, depois do almoço, é hora de partir. O escroto vai dirigindo, com o gordinho no passageiro e as meninas atrás.

É chegado o momento da primeira foto.

Na estrada, ainda na saída de Natal, Carol, que está no banco de trás no meio, ergue a câmera para o alto, e a direciona para si, juntando as duas amigas ao seu lado e “Flash”.
FOTO DO ORKUT: Vê-se 03 garotas com cabelos lisíssimos, óculos redondos cujas lentes cobrem metade do rosto, bem parecido com os de Black Kamen Rider (Quem assistia?), cheias de pó e as bochechas rosadas daqueles negócios que as patricinhas colocam para deixarem as bochechas rosadas.
LEGENDA DO ORKUT DE CAROL: “Começando a resenha”

Sob o som do Show de Forró do Muído ou Aviões do Forró gravado no sábado anterior (pois escrotos e patricinhas que são escrotos e patricinhas que se prezem só escutam os últimos lançamentos de forró do momento), a viagem prossegue até a primeira parada na cidade de Tangará, onde vão comer um pastelzinho e encontrar outros escrotos, gordinhos e patricinhas que estão lá fazendo a mesma coisa.

Depois de falarem com os amigos, perguntarem onde vão ficar e marcarem de se encontrar, o grupo vai embora, com a certeza de que agora mais pessoas sabem que eles vão para currais. Empolgada com o som do último show de forró do momento, Mariana vê uma placa que diz “Currais Novos 90 KM” e dá um grito: “Para, pára, Pára!! Resenha, resenha!! Vamo bater uma foto na placa”. O escroto obedece e descem todos do carro e, com ajuda de um popular, batem a foto. “Flash”
FOTO DO ORKUT: Vê-se uma placa de trânsito verde, retangular, a 1,70 m do chão, onde há os escritos “Currais Novos 90 KM”. Atrás da placa, pode-se enxergar os rostos do escroto com um boné com um desenho de um vaqueiro derrubando um boi e o do gordinho com seu boné da nelore, ambos segurando um copo descartável com bebida dentro. Na frente da placa, semi-agachadas, estão Carol, Patrícia e Mariana, apontado para a placa, segurando seus copos que são das mais variadas cores: Vermelho, Rosa e Lilás.
LEGENDA DO ORKUT DE MARIANA: “Quase chegandooooooo”

E a viagem prossegue cada vez mais animada com a proximidade da chegada em Currais Novos, com várias fotos do tipo que aqui mencionei, até a chegada ao destino. Lá, vão direto para a pousada para trocarem de roupa, mas não sem antes, obviamente, darem uma passada no meio do “Tungstênio Hotel”, onde os jovens costumam se reunir nas resenhas vespertinas da vaquejada de Currais Novos.

No trecho, o escroto, que tinha passado a viagem toda de vidro fechado no ar condicionado, desce o vidro do seu carro, coloca um chiclete na boca e passa vagarosamente pelo local, comentando com o gordinho: “Lá estão fulano, beltrano e sicrano. Num sei quem ta ali, o amigo dele também. Eita que desmantelo, até Herbert veio”. Enquanto isso, Carol, Mariana e Patricia se acotovelam no banco de trás para prestarem bem atenção em quem está lá, até que uma dá um grito: “Não acredito nããoooooo!! Guilherme ta ali!! Ihuuuu. Vai ser resenhaaaaa” E a felicidade é geral entre as garotas, pois o paquerinha está lá na resenha.

Depois de irem para a pousada (que, como falei, deve ser bem próxima ao Tungstênio) e voltarem para a resenha vespertina onde ficam a tarde toda, é hora de voltar para a pousada novamente para se arrumarem para ir pra festa, na “Du Rei” Casa Show.

Carol, Mariana e Patrícia, que demoram mais, tomam banho primeiro e se produzem por exatas duas horas, tempo em que o escroto e o gordinho ficam na varanda tomando teachers e falando de forró, vaquejada ou futebol (do Flamengo ou Seleção Brasileira, a única coisa que sabem), para depois se arrumarem.

Estão todos prontos.
Aos trajes:
Carol, Mariana e Patrícia estão iguais: Shortinho, blusa folgada caída no ombro, colar grande, muita maquiagem, pulseiras e salto alto. Só muda o perfume.

O Gordinho: Camisa de botão aberta no terceiro botão de cima para baixo (para mostrar o colar de outro com o crucifixo), calça, bota e o seu famoso e inigualável Boné da Nelore e o litro de montila debaixo da axila esquerda.

O escroto: Calça, bota e uma camisa preta justa no braço com dizeres quaisquer em inglês tipo: “WOLFGANG: THE PROJECT” ( A palavra “Wolfgang” tem o formato de um arco e dentro dela está o “The Project”. É bem provável também que tenha uma data “1965” “1982”, “1976”, qualquer coisa.) ou “BLEIZARD GUETTIN” (ambas as palavras não dizem ou significam porra nenhuma, mas é legal pois parece que é em inglês). No entanto, se ele optar por uma camisa pólo, escolherá a vermelha que tem um Cavalo enorme com um taco de jogar pólo no peito esquerdo e um número qualquer também na manga esquerda (“3”, “6”, “2”, qualquer coisa.).

Todos devidamente vestidos, é hora de ir cedinho para a festa para pegar uma mesa.

Ao chegar lá, o escroto logo se encarrega disso conversando com o garçom e pedindo que ele coloque a mesa exatamente do lado esquerdo, mas bem próximo ao palco. E, com a mesa, um litro de whisky para ele, montilla para o gordinho e sminorff para as garotas. Aliás, Carol, Mariana e Patrícia (o trio resenha) estavam caladas e conversando discretamente até chegar o litro de vodka, ocasião em que pegam os seus copos multicoloridos, enchem de gelo, vodka e sprite e, com o copo cheio, aí sim começam a dançar.

Mas se engana quem pensa que garotas como Carol, Mariana e Patrícia dançam normalmente. A parada delas é dançarem olhando para dois locais apenas: a) Ou dançam de um lado para o outro, sozinhas, olhando para o palco e segurando o copo com uma mão e erguendo o braço com o dedo indicador em riste, cantando a musica que estiver tocando; ou b) dançam olhando para a amiga, que está dançando e fazendo a mesma dancinha que ela de um lado para o outro e também olhando para ela, cantando juntas a musica que está tocando.

São garotas como elas cujos cabelos são alvos fáceis das passadas de mão do gordinho da nelore, aliás.

Mas, enfim, esse é apenas o comecinho da festa, tocando uma banda de forró qualquer que não seja a atração principal.

Até aquele momento, o escroto está quietinho na mesa conversando com outros escrotos como ele, degustando um whisky e observando quem será o alvo quando Forró do Muído, a atração principal, começar. O gordinho está calmo ainda, mas já começa a ensaiar alguns passinhos, indicando que ficará do jeito que a galera gosta, como mencionado no post abaixo.

Enquanto Forró do Muído não começa, dá pra bater ainda algumas fotos.

Na primeira, está o escroto com a roupa que eu falei e alguns escrotos como ele ao lado, com as roupas bem parecidas, um dos quais está fazendo um “V” com os dedos, com a mão de lado. Não há legenda para a foto, o escroto não colocou.

Já a próxima foto é clássica. As meninas pedem e o escroto bate. “Flash”
FOTO DO ORKUT: Carol, Mariana e Patrícia estão dançando, apenas elas três, todas com a blusa caída pelo ombro, um brinco de argola e o cabelo (liso, claro) um pouco escondendo o rosto. Estão meio que agachadas, com os joelhos dobrados. Dá para ver os copos erguidos para cima, na mesma mão em que está colocada uma pulseira VERDE LIMÃO, provavelmente do camarote onde elas irão dar uma passada mais tarde. Se prestarem bem atenção na foto, verão também alguns jovens ao fundo olhando para a dancinha delas.
LEGENDA DO ORKUT DE PATRÍCIA: “Chão, Chão, Chão, Chão...”

Uma foto dessas é clássica para orkut de patricinha. Então, as outras amigas, que não foram à vaquejada, comentam logo abaixo da foto: “Amigaaaaaaaaaaaaasssss, que resenhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, perdi essaa!!! Bjo!”, outra escreve “Só deu vocês hein, amigaaaass??”, e a terceira digita “kkkkkkk, adorrooooooooooooooooooo, olha a cara de patrícia...kkkkkkk, só podia ser vocês mesmo!!”.

É chegado o grande momento de começar a tocar Forró do Muído. Enquanto o locutor anuncia, o Escroto começa a ficar mais ouriçado, pois sabe que é no começo do show que as gatinhas estão mais apaixonadas e mais fáceis para o abate. Deve-se apenas esperar a abertura do show de forró do muído, quando a banda toca a primeira parte do maior sucesso deles do momento em acústico, para, assim que começar o forrozão mesmo, ele fazer a abordagem.

Esse momento é crucial. Se ele levar fora naquela primeira abordagem, todas as outras patricinhas por perto verão a cena e ele não poderá mais dar em cima de ninguém por ali. Perderá a noite naquele local.

É preciso cautela e definir bem quem será a vítima.

Começa Forró do Muído a tocar a música sucesso, no caso, a música "Cuidado", em forma lenta:
“Sei que não foi coincidência encontrar-me contigo
Talvez tudo isso é o destino
Eu quero dormir de novo em teu peito
E depois acordar com teus beijos”

Enquanto isso ele está com um copo na mão sem conversar com ninguém, apenas observando as garotas que estão todas de dedinho em riste olhando para o palco. E forró do muído continua:
“Teu sexto sentido, sonha comigo. Sei que pronto estaremos unidos
Esse sorriso travesso que vive comigo
Sei que logo estarei em teu caminho
Saiba que estou colada em tuas mãos
Peço que não me deixe cair
Saiba que estou colada em tuas mãos...”

E o escroto concentradíssimo. Mais um pouco e acabará a abertura e começará o forró mesmo. E continua a banda:

“Te envio poemas que escrevi com minha letra
Te envio mensagens às 4:40
Te envio as fotos jantando em Veneza
E quando estivermos por Fortaleza
E assim me recordo que tenho um presente
O meu coração está colado em tuas mãos
Cuidado, cuidado
O meu coração esta colado em tuas mãos.
Cuidado, Cuidado
O meu coração esta colado em tuas mãos...”

O conjunto (meu avô chamava "banda" de "conjunto") encerra a parte lenta da abertura e o escroto sabe que chegou o grande momento.

Tem-se um silêncio, até que a cantora dá o grito característico da banda: “Vamo coleguinhaaaaaaaa”, e começa a tocar o seu sucesso de forma rápida, em ritmo de forró, oportunidade em que o escroto desce o copo, dá umas batidas com a bota no chão e sai dançando forró em direção à gatinha que escolheu, estende a mão com a intenção de puxá-la para entrar no ritmo em que ele está dançando sozinho.

Não conta de jeito nenhum com o fora.

Vai se aproximando dela, mas, ao se aproximar da garota e tocar em sua mão, ela dá um giro ao ritmo da música, ele passa lotado, e ela continua olhando para o palco com o dedo em riste e cantando a música junto com a banda, como se nem tivesse visto ele.

O escroto, para não passar vergonha, continua indo em linha reta como se nada tivesse acontecido e também dançando sozinho. Só voltará ali depois do fim do show de forró do muído, disfarçando pra turma que foi apenas no banheiro e depois deu uma volta para ver a galera.

E assim termina a festa do escroto, que depois de algum tempo volta para o carro, onde o gordinho já está dormindo no banco do passageiro bêbado e, enquanto ele vê as meninas já saindo do show com a maquiagem toda borrada, aproveita para bater uma foto dentro do carro junto com o amigo. “Flash”.
FOTO DO ORKUT: Vê-se um jovem meio que descabelado com uma camisa preta escrito “Wolfgang The Project” sentado no banco do motorista do carro e um gordinho ao seu lado, no banco do passageiro, de boca aberta com a camisa também aberta e um boné bege da Nelore. O gordinho, aparentemente, está bêbado, pois há também um litro de montilla seco sobre o seu peito.
LEGENDA DO ORKUT DO ESCROTO: “Fraco”

E no outro dia voltam para a casa com a certeza de que são resenheiros mesmo.





quinta-feira, 11 de junho de 2009

Personagens Urbanos: Gordinho da Nelore


Se você freqüenta show de forró, é amigo dele. Se não for amigo dele, algum amigo seu é amigo dele. E se nenhum amigo seu é amigo dele, você pelo menos já o viu. E se nem você e nenhum amigo seu não o conhecem ou nunca o viu, então você nunca foi a um show de forró. Pois em todo show de forró o gordinho da nelore está lá.
Ele é inconfundível. Com a barriga pra lá de saliente e trajando uma camisa de botão manga longa aberta com os três botões de cima abertos para mostrar o crucifixo de ouro, o gordinho está segurando, debaixo da axila, uma garrafa de rom montilla e com um copo na mão, obviamente cheio de rom, montilla, coca cola e gelo. O boné com os dizeres “Nelore”, que o caracteriza, está sempre presente, completando o figurino.
Antes de mais nada, cumpre-me tentar explicar o que é “Nelore”, para quem não sabe. “Nelore” é uma raça de boi de alta qualidade, uma espécie de Quarto de milha dos bovinos, sempre muito valorizado em leilões agropecuários. Os criadores de “nelore”, em geral, são de grande poder aquisitivo financeiro, razão pela qual alguns andam com bonés da marca “nelore” para tentar associar a sua imagem à de um grande agropecuarista, campeão de vaquejadas ou algo do tipo. Acreditam que, dessa forma, têm mais chances de se dar bem em uma festa.
Moças e rapazes, este é o gordinho da nelore.
Se o estereótipo é comum, mais fácil ainda é identificar onde ele está.
Experimente dar uma volta pela casa do show. Dirija-se, mais precisamente, para as proximidades do palco, onde geralmente ficam algumas mesas em cima das quais estarão bebidas que jovens estarão consumindo e curtindo o grande show.
Aposto minha bicicleta BMX da Monark (quem não tinha uma?) que você o encontrará lá. É infalível. Vá até lá que você o encontra. Eu te garanto. É tão certo acha-lo por lá que pode até servir de referência para a turma se encontrar caso se perca no show:
- Aí, pessoal ­– dirá o líder da turma – quando acabar o show, todo mundo lá onde fica o gordinho da nelore pra nós irmos juntos.
Perceberam que eu falei de “forró”, “camisa aberta”, “rom montilla”? Dá pra perceber, portanto, que não estamos falando de gente normal do cotidiano. O gordinho é descontração pura.
Ele é a graça da turma. Vai para o show com 03 amigos, compram uma mesa, rachando os custos, e junto ao garçom compram também o kit desgraça: Rom, coca e gelo.
A partir daí, é só descontração.
Até que o gordinho começa leve, apenas olhando as gatas passarem. No entanto, a partir da terceira dose o gordinho revela os motivos pelos quais ele é a figura para quem resolvi escrever hoje.
Você, garota, ouse passar na frente do gordinho. Ele tem um jeito específico e peculiar de abordá-la. Quando passar, sentirá alguém pegando em seus cabelos e dando um beijo neles, se olhar pra trás verá o gordinho da exata forma que descrevi no começo do texto, olhando pra você e soltando frases cretinas: “Eita mulher do meu agraaado” ou “É hoooje que eu só chego amanhã” ou então a clássica “Ahh se eu pudesse, meu dinheiro desse e ela quisesse”. Cretinagem pura.
Obviamente que a garota o dará um fora. Mas se engana quem achar que isso irá afetar o gordinho, que sairá batendo as suas botas HB pelo salão, dele rindo os amigos, que sabem a figura que está com eles, pois, já disse aqui, o gordinho é a graça.
E não se engane que ele para por aí.
Com seu celular, o gordinho escreve uma msg de texto com os seguintes dizeres: “UM ABRAÇO PARA JUNIOR DO GADO E SUA TURMA SEMPRE PRESENTE” e se desloca para em frente ao palco, erguendo o braço para o cantor pegar o celular, só saindo de lá após lerem, no microfone, a mensagem ali escrita. E depois de lida a mensagem, o gordinho volta para sua mesa na maior moral do mundo. Obviamente que no trajeto de volta ainda puxará carinhosamente o cabelo de umas 5 garotas, dando beijo e levando fora de todas.
O nome dele, podem apostar, geralmente é JUNIOR e a turma, como lê e disse na mensagem, está sempre presente.
Alias, se uma figura dessa é JUNIOR, eu pago pra ver como seria o pai.

Post escrito ao som de “Declaração” de Baby Som, que, aliás fazia muitos shows no SESI CLUBE, onde o gordinho costumava deitar e rolar.


Um abraço a todos e sejam felizes.



quarta-feira, 29 de abril de 2009

De homenagens e de Shoppings.

Desculpem a ausência.
Quisera eu ter tanto tempo disponível para escrever tudo aqui no Blog. Mas, infelizmente (ou felizmente para quem não agüenta tanta insanidade), não tenho. Meu tempo é curto e regrado: as aulas de peteca (estou ainda na escolinha) me tomam boa parte do tempo das manhãs da semana, e as tardes de quarta, quinta e sexta são inteiramente dedicadas aos meus alunos do curso de “Bambolê Acrobático” que dou no Sesc aqui da cidade onde moro. Então, quando não estou nesses afazeres, ou estou dormindo ou estou, simplesmente, sem fazer nada. Então, não tenho muito tempo, entende?
E também ando meio triste, reflexivo, com muitas responsabilidades, tarefas e objetivos, meu time tem mexido comigo também, blá, blá, blá. Coisas que espero que um dia passem. Mas vai demorar.
Volto a escrever pois, hoje, estou feliz. Uma semana de ótimas notícias. Amigos que conseguiram grandes vitórias e isso me deixa pessoalmente satisfeito. A felicidade da minha família e meus amigos é um dos grandes patrimônios extra-pessoal que pretendo sempre preservar.
Conhecem a confeitaria atheneu?
Conhecem não? Puxa!
E o “dom café”? Aí vocês conhecem né...ahh ruma de playboy fila de uma piulas. Pois é do lado, playbas. Um barzinho que reúne a saudosa boemia natalense. E vez por outra os jovens se reuniam lá aos sábados para tomar uma cervejinha e comer uma paçoca para ver o tempo passar.
A confeitaria atheneu não é um bar pra azarar. Não é um local pra expor vaidade. Nem é um local, digamos, de “gente jovem e descolada, que sai a fim de uma balada” (jargão pós moderno ridículo, hein?). É um barzinho comum, tradicional, em que as pessoas vão apenas para se reunir , conversar e tomar uma cervejinha. O que eu quero dizer com isso é que é raro uma mulher por lá aparecer. E é uma circunstância extraordinária aparecerem duas. E será o prelúdio do apocalipse se lá aparecerem duas mulheres e gatas.
E não é que naquela tarde de abril de 2005, em que o jovem, que estava tomando uma cervejinha com uns 10 amigos solteiros na mesa, aparecerem exatamente duas gatas?
Burburinho geral na mesa ao lado.
- Caralho, que gatas! – disse em voz baixa um deles.
- Concordo – disse o outro
- Acho que já peguei uma delas – disse um deles (acho que sei quem foi que disse isso)
- Acho que não peguei não – afirmou outro (esse eu tenho certeza quem disse isso)
Enfim. Sabe aquela situação para a qual você não está preparado, mas precisa solucioná-la? A deles era muito pior.
Estavam em um bar numa mesa com 10 marmanjos e, do nada, aparecem duas garotas lindas, bem vestidas e simpáticas. O local, como já relatei, não era muito propício para a presença delas. Elas estavam dando sopa. Era preciso agir e rápido.
Um dos jovens, cauteloso, suscitou um incidente:
- Podem estar esperando os namorados...
Silêncio e reflexão na mesa.
- Ou não..- disse outro, em amor ao debate, mas numa singelidade...
A dúvida foi sanada em um minuto depois com a escuta da conversa do telefone de uma delas:
- Menina, venha pra cá, tá eu e denise aqui num bar de petrópolis, tamo sozinha e daqui nós vamos direto pro Seven Pub comemorar um mês que acabei o namoro. Hoje é o dia das solteiras!
Olharam todos uns para os outros na mesa, um com vontade de gritar, outro com vontade de soltar fogos, um terceiro não parava de passar a mão no cabelo perguntando se estava bonito. Há notícias até de que um estava rezando e o outro quase desmaia. Foi um momento de polvorosa. Mas todos estavam num silêncio ensurdecedor.
A missão estava apresentada e o campo de batalha estava pronto. Era preciso estratégia.
A partir de agora, seria uma guerra.
E, como guerra, era preciso analisar muito bem cada passo a ser dado. Abordagem, conhecimento, fase instrutória, atos de execução, dominação...
Tudo precisava ser calculado. Um passo em falso poderia significar derrota e a perda de uma oportunidade única naquela tarde de sábado natalense.
O mais experiente, que estava analisando minuciosamente cada gesto e palavra das garotas, sabia que ali estavam dois alvos de difícil alcance e que não poderia haver precipitação.
Era preciso cautela.
A partir daí ele mesmo coordenou as tarefas, todas repassadas por meio de mensagem de celular na própria mesa, ou com conversas sigilosas no banheiro ou até mesmo com saídas estratégicas (e falsas) de dois deles em um carro por 10 minutos para debaterem a estratégia de ataque completa.
Todos os atos extremamente calculados. Um cochicho no pé do ouvido entre eles, nem pensar. Era muito vacilo.
Após meia hora de planejamento, todos estavam cientes de suas tarefas.
O plano, ousado e articulado, tinha basicamente a seguinte execução:
Passo 1) O que estava na ponta da mesa dos jovens, mais próximo da mesa das garotas, puxaria uma conversa simples, a fim de entrosa-las e traze-las para a mesa;
Passo 2) Uma vez na mesa, a interação deveria ser total entre os jovens, puxando conversa sobre os mais diversos assuntos;
Passo 3) Após a interação, um deles contaria uma piada caprichada para fazer com que sentissem mais à vontade
Passo 4) com a chegada das amigas, aumento da mesa para caber todo mundo.
Passo 5) Prolongamento da festa para a casa de um deles nas proximidades.

Tudo bem programado, com objetivos definidos, típico de quem sabe exatamente o que quer.
Um falso atendimento de celular de um deles seria o sinal para o início da execução. (“Alô, mamãe” era a senha).
Perceberam que o fato se deu em abril de 2005 como falei?
Para quem não sabe, foi em meados desta data que o Midway Mall, monumental empreendimento de shopping de Natal, foi inaugurado. E como o povo natalense não gosta de uma novidade, era o assunto da cidade, não se falava em outra coisa.
Mas vocês concordam comigo que há certos assuntos que, em certas ocasiões, se abordados, podem desabar toda a estabilidade de uma relação ou até mesmo impedir que ela se inicie?
Pois é.
Na mesa, ouve-se um toque de celular. Alguém atende.
- Alô, mamãe!
Era chegada a hora. Eis que o jovem da ponta vira-se de sua cadeira cuidadosamente e, em direção às garotas, dispara uma das mais desastradas perguntas, que culminou com o fim de um dos mais bem planejados projetos de abordagem da história das tardes de sábado de Natal.
- E aí, já conhecem o midway?­
Pfffffff.
Puta que pariu!
Ambas olham uma pra outra e não conseguem segurar a risada, é incontrolável. Passam por volta de 2 minutos em risos sem parar, uma delas quase chorando e todos da mesa dos jovens sem entender nada, pois não sabiam o que o cretino da ponta havia perguntado ou dito às garotas.
Foi ridículo, foi monstruoso, foi criminoso.
Após pararem de rir, uma delas disse rispidamente que NÃO e voltaram a rir, ignorando o rapaz, que virou-se para a sua mesa e, introspectivamente e de voz baixa, dizia:
- Deu merda, deu merda..
5 minutos após, aos risos, as garotas pediram a conta foram embora.

O jovem ficou desolado, triste, mas, mesmo assim ficou a beber com os amigos, dessa vez sem nenhuma mulher no bar.
Horas mais tardes, ébrio, estava no banheiro do Seven Pub fazendo xixi e pensando na merda que fez à tarde. Pensou tanto que ao terminar de mijar deixou a braguilha aberta com o bingulim do lado de fora, sem perceber.
Ao sair do banheiro, ouve uma voz:
- Eita, olha o menino do midway!!!
Eram as duas garotas. Ele olha e diz pra si mesmo:
- Dessa vez eu dou a volta por cima. Vou chamar pra dançar e resolver essa parada.
Eis que olha nos olhos da garota e diz:
- Você vai dançar comigo! Vou te mostrar o que eu entendo além de midway.
O problema é que o jovem não sabia dançar.
Dançava todo errado, sem coordenação e fora de ritmo. E bêbado, ainda mais, é que a coisa piorava. Era cambaleando. Mas se achava o próprio Carlinhos de Jesus.
E lá estava o jovem dançando todo destrambelhado, com a piroca de fora sem perceber e a menina estranhando a dança do rapaz, quando percebe vê a cena ridícula da calça do jovem e tenta alerta-lo:
- Menino, ta por fora viu?
E ele, crente que o aviso se referia a sua dança:
- Mas to no ritmo, num to não??

Pateta.

Post dedicado ao maior campeão de natação da história e ao Capiba Junior!
Parabéns meus amigos, estou muito feliz.
Abraços e até a próxima.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Paquere mais assim não, irmão!

Já me desculpando pelo atraso nas postagens, volto à cena. Tentarei me aproximar da assiduidade de contos de casos cotidianos de outrora, na mesma medida em que tentarei encontrar tempo para tal.

Como passaram as capitalistas festas de fim de ano? Mas lógico, porra! Claro que são capitalistas. “Festas para celebrar o consumismo”, deveria ser o nome do Reveillon e Natal, conjuntamente. Veja o Natal. Uma data comemorativa para lembrar o nascimento de Jesus Cristo. Já que é isso, vamos todos à igreja celebrar tal data, certo? Errado, píulas. Erradíssimo, pô. Ninguém vai à igreja. Ou poucos vão. Natal é preparado nos shoppings, que lotam.

E é no shopping onde o jovem estava. No Midway Mall, mais precisamente. “Preparando-se para o Natal”, lá estava o garoto no shopping fazendo algumas comprinhas para presentear os entes queridos. Aliás, diga-se de passagem, tais compras estavam em segundo plano. O alvo imediato, fundamental, primordial era, evidentemente, a paquera.

Aliás, falando em paquera e fuleragem, lembro de um caso hilário que presenciei. Certa vez no fórum, conversando com um conhecido advogado aqui de Natal, já com seus 70 e poucos anos, famoso pela boemia e fanfarras que costuma freqüentar, certa vez me disse: “Meu filho, eu serei farrista e raparigueiro enquanto a minha piroca agüentar. No dia em que ela não mais subir, eu darei o meu BUMBUM, por que o importante, meu jovem, é não sair da putaria!”. Ô loco, meu!

Voltando à odisseia (o Blog não acentua em obediência à reforma ortográfica) paqueralística do rapaz, estava lá ele, entre as lojas do midway. Curiosamente, só entrava nos estabelecimentos em que haviam vendedoras com dotes físicos exuberantes. Entrava, comprava alguma besteirinha ou não comprava nada, e saía, ainda sem paquerar ou dar o pontapé inicial, talvez por timidez ou não saber o que dizer.

E nessas entradas e saídas, foi em umas 07 lojas, tendo ido embora todo o dinheiro do orçamento planejado para a capitalista festa natalina. Sem dinheiro, a paquera ficaria mais difícil. Mas não impossível. “Só saio daqui com um contato”, pensou consigo mesmo.

E teve a ideia (sem acento, vão aprendendo aê, ô juvenis) fenomenal de entrar em alguma loja de roupas para provar algumas e, dessa forma, conversar mais intimamente com alguma vendedora gostosa e extrair dela, quem sabe, alguma informação que desse início a alguma conversa que findasse em relacionamento (sendo sutil, pois deve haver menores lendo).

Loja escolhida: ADJI. Nome da atendente: Kleibiana. 1.69 de altura, 55 kg bem distribuídos, morena de olhos verdes e de um sorriso fácil e maroto. Resumindo: Um prato cheio para o nosso amigo. À luta, parceiro:

- Bom dia, em que posso ajudá-lo? – pergunta Kleibiana.

- Olá, gostaria de dar uma olhada nas cuecas! (Cretino)
- Pois não, temos de variados modelos.
- Quero uma que fique bem justinha.
- Pode escolher a que quiser, o provador é logo ali.
- Obrigado, mas sou extremamente exigente e autocrítico, não sei opinar sozinho, pode me ajudar?
- Posso opinar, sim – disse klebiana, meio constrangida - sem problemas.

Veste uma preta, tamanho P.

- Está boa essa? – pergunta o jovem, fazendo pose de galante, para conquistar a garota, contorcendo o bumbum, que julga ser fofo.
- Está sim, combina com você.

Pausa técnica do blog: “Está ótima”, “combina com você”, “Está liiindaaa!!”. Quem vê hipocrisia na política não conhece o admirável mundo dos vendedores de roupas.

- Pois eu não gostei não – retrucou o rapaz, tirando a cueca, tendo Kleibiana se virado discretamente para não ver a cena.

Após isso, o jovem provou calças, camisas, cinturões, bermudas, meias e até mesmo carteiras e bonés. Tudo isso, entre uma experimentada e outra, conversava com kleibiana sobre sua vida pessoal, o que gostava de fazer, para onde ia, além de obter, obviamente, valorosas opiniões pessoais sobre seus gostos estilísticos, ainda que por mais hipócritas que tenham sido tais opiniões.

O fato é que o nosso amigo já estava há mais de duas horas dentro da loja conversando com Kleibiana, roubando-lhe a paciência e o humor, quando o jovem vê que já estava na hora de uma definição se ia comprar alguma coisa ou não, eis que ele pergunta à atendente:

- Me diga uma coisa, minha amiga, aceita cartão aqui?
- Aceita sim – responde simpaticamente.

Então tira o jovem a sua carteira, remexe dentro do compartimento das cédulas e lhe dá um cartão branco, com algumas escritos em preto.

- Tome, então, aí está meu cartão, então – disse o jovem, sob o franziamento da testa de kleibiana, que não estava entendendo – tem o meu número celular pessoal, o número do telefone da minha casa e, um pouco mais abaixo, o meu MSN, para o caso de você quiser me adicionar para conversarmos. Não coloquei o orkut por que o link é muito grande.
- Como é que é? – perguntou a agora já chateada atendente – você é palhaço é???
- Não, menina,sou advogado! – explicou – tem inclusive o número da minha OAB aí embaixo. Me liga, ok?

E saiu contente, feliz da vida achando que tinha se saído muito bem em sua paquera. Saiu tão feliz, mas tão feliz que resolveu sair momentaneamente do Shopping apenas para fazer uma presepada com alguém lá fora.

Escolheu o cobrador de ônibus. Entrou no primeiro ônibus que chegou e ia passando pela roleta sem apresentar nada, quando foi interceptado pelo cobrador do ônibus, que perguntou:

- Ei, amigo, cadê o ticks??

Eis que ele toca no braço do cobrador e responde:

- O tica agora é você!!!! – E sai correndo, rindo sozinho.

Este mundo, definitivamente, está perdido.